Dietas variadas, sejam restritivas ou mais flexíveis, são adotadas por aqueles que buscam uma vida saudável e equilibrada
As dietas se tornaram rotina na vida de quem busca uma vida saudável (iSTock)
O isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus, que pegou a todos de surpresa, virou de ponta-cabeça a rotina da população mundial. Uma das consequências foi a necessidade de preparar as refeições em casa ou apelar para a entrega em domicílio. Famílias inteiras confinadas em seus lares por meses não tiveram outra alternativa a não ser acender as chamas do fogão e colocar a mão na massa. Em todos os núcleos familiares há preferências na hora de escolher os alimentos e as opções também variam de acordo com a convicção de cada um. Na onda da alimentação saudável, que vem ganhando cada vez mais adeptos nos últimos anos, as dietas restritas a determinados tipos de alimentos, ou mais flexíveis, têm conquistado aqueles que colocam a saúde em primeiro lugar. Veganismo e vegetarianismo estão há anos na rotina de muitos brasileiros, mas ultimamente entraram em cena o flexitarianismo, a comfort food e o low carb. É consenso que o alimento é uma necessidade humana fundamental que influencia tanto o estado fisiológico quanto emocional. Vale destacar que a comida não é somente um meio de saciedade, mas também pode significar conforto, alegria e recompensa. A Metrópole traz algumas ‘correntes’ mais conhecidas e outras ainda não tão faladas formas de se alimentar. Vale lembrar que a maior parte dos nutricionistas destaca que não existe uma única dieta ideal, mas é importante que a pessoa tenha um plano alimentar de acordo com seus gostos, necessidades e convicções. O mais importante é não olhar para o alimento como um vilão e que ele traga saúde e bem-estar. Comfort food O termo significa “comida de conforto”, que proporciona bem-estar ao ser degustada. Isso ocorre porque esse tipo de alimento pode trazer lembrança de momentos especiais, seja um almoço em família, um jantar com os amigos, um piquenique ou o passeio em um parque. “É o alimento que remete ao afeto. Pode ser a comida da mãe, da avó, da tia, ou de alguém que é especial para a pessoa. A essência do comfort food está na simplicidade dos pratos. Como o tradicional arroz e feijão, uma macarronada, uma torta ou um bolo. A combinação dos alimentos e ingredientes e o modo como foram preparados influenciam no sabor do prato e, consequentemente, na experiência de cada pessoa. Outra coisa interessante é ter um olhar mais atento a tudo que é mais natural na cozinha. Geralmente as pessoas optam por comprar produtos orgânicos, gostam de consumir a fruta no pé, ter sua horta em casa”, conta Giovana Pascoli, nutricionista da Uroderma. Vegetarianos e veganos Quem opta em ser vegetariano exclui todos os tipos de carnes: frango, peixe, carne vermelha, frutos do mar e outras. Mas, dentro do vegetarianismo, existem algumas vertentes como os ovolactovegetarianos que não ingerem nenhum tipo de carne. Eles incluem na alimentação todos os alimentos de origem vegetal, laticínios e ovos. Já os lactovegetarianos excluem totalmente a carne, além de não consumirem os ovos. Eles optam por todos os alimentos de origem vegetal, além de consumirem os laticínios. Existem também os ovovegetarianos que evitam todos os tipos de carne e laticínios, mas consomem alimentos de origem vegetal e também os ovos. E ainda os vegetarianos restritos que excluem todos os tipos de carne, laticínios e ovos em troca dos alimentos essencialmente de origem vegetal. De acordo com dados da Sociedade Vegetariana Brasileira, 14% da população já se declara vegetariana, o que equivale a 30 milhões de pessoas. Um aumento de 75% desde 2012. A nutricionista destaca ainda os veganos, mais radicais, que vão além de uma corrente alimentar. “Além de não consumirem nenhum tipo de produto de origem animal, eles excluem carnes de todos os tipos, além de ovos, laticínios, mel e gelatina. Também ficam de fora o uso de couro, seda, lã ou cosméticos e produtos de higiene de origem animal”, conta Giovana. Flexitarianismo Flexitariano deriva de um acrônimo que funde os conceitos vegetariano e flexível, uma nova tendência nutricional que se aplica a quem privilegia a ingestão de alimentos vegetais, mas permite pequenas concessões como comer também peixe, e até, esporadicamente, uma porção de carne. “O flexitarianismo está vindo bem forte porque muita gente está querendo parar de consumir carne. Não existe uma regra, a pessoa vai comer quando tem vontade. Isso é muito interessante para quem quer se tornar vegetariano, pois vai se adaptando ao novo tipo de alimentação e tirando a carne aos poucos”, destaca Giovana. Low carb Essa tendência alimentar está ligada à baixa ingestão de carboidratos. A pessoa passa a consumir menos carboidratos, saem de cena pães, arroz, batata e mandioca. Entram em cena legumes, verduras, gorduras de origem de boas fontes como abacate, azeite, castanha. “Não é o tipo de plano alimentar que se encaixa para todas as pessoas, vai depender muito da rotina dela, do ramo em que ela trabalha, se gasta muita energia no dia a dia”, pondera Giovana. Preferências distintas na mesma casa, mas em harmonia Letícia Michelassi, 49 anos, parou de comer carne aos 16 anos. Quando se casou com Sérgio Michelassi, 54 anos, ela lembra que queria fazer um acordo no papel dizendo que não cozinharia carne vermelha, só frango ou peixe. Mas claro que não foi preciso nada disso e a opção de diferentes escolhas alimentares na família nunca foi um problema. “Um sempre respeitou muito o gosto e preferência do outro”, conta. Quando nasceu Gabriella, a primeira filha que hoje tem 21 anos, ela não gostava de carne. “Gabriella sempre falava que queria comer um prato igual ao meu sem carne. Já Giovanna, a caçula que hoje tem 19 anos, gostava de comer linguiça quando ia num churrasco, ou peixe. “As crianças foram crescendo e fazendo as escolhas delas, nunca foi uma imposição. Temos uma alimentação que inclui sempre arroz, feijão, legumes, verduras, e frango ou peixe para quem gosta”, conta Letícia. “Eu continuo sendo vegetariana e meu marido come frango ou peixe; a carne vermelha é mais nos dias de churrasco. Nossas filhas mudaram um pouco os hábitos. Gabriella que antes não ingeria carne hoje come quando tem, e Giovanna parou de consumir qualquer tipo de carne, tentou se adaptar ao veganismo, mas sentia falta de queijo e ovos. E nesse encontro de diferentes gostos, preferências e escolhas alimentares vivemos muito bem e em harmonia, um respeitando a vontade do outro, sem julgamentos”, conta Letícia.