INOVAÇÃO

Aceleradora de TI vai começar pelo lixo em Campinas

Primeiro projeto que receberá apoio da Prefeitura é um esterilizador de resíduos hospitalares

Maria Teresa Costa
16/03/2013 às 09:21.
Atualizado em 26/04/2022 às 00:21
Machado, da Quadex: Sabemos desenvolver, mas não sabemos vender (Cedoc/RAC)

Machado, da Quadex: Sabemos desenvolver, mas não sabemos vender (Cedoc/RAC)

O primeiro projeto de aceleração de empresas de Campinas será realizado na Quadex Technology - uma incubada da Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec).

Ela receberá apoio para encontrar investidores e comercializar o esterilizador de lixo hospitalar - uma invenção da empresa que usa micro-ondas e permite esterilizar inclusive metais que estejam no meio do lixo. Nessas condições, livre de contaminantes, o lixo hospitalar poderá ser descartado até em aterros sanitários.

A Quatex é uma das dez startups que estão sendo selecionadas para receber investimentos da aceleradora de empresas de tecnologia de Campinas.

Na quinta-feira (14), o Núcleo Softex Campinas e a Secretaria de Desenvolvimento Econômico assinarão protocolo de intenções para criar a aceleradora, que visa apoiar empresas iniciantes de produção de software e de serviços de tecnologia da informação, estimulando o empreendedorismo, a ampliação da base tecnológica, a consolidação de ecossistemas digitais e o surgimento de um ambiente favorável à pesquisa.

O Softex ficará responsável pela operação da aceleradora, e irá oferecer às empresas selecionadas o suporte de profissionais especializados no desenvolvimento de negócios de tecnologia.

“Queremos ter um ecossistema de tecnologia cada vez mais forte em Campinas”, disse o coordenador executivo do Núcleo Softex, Edvar Pera Junior.

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Samuel Rossilho, embora existam programas estaduais e federais, esta é a primeira vez que um órgão municipal atua na formulação de um Programa Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, com foco no estímulo às startups. “Isso mostra a força de Campinas no cenário tecnológico”, disse.

A escolha da Quadex foi motivada pelo alto grau de inovação que a empresa apresenta em seus trabalhos com tecnologia. No ano passado, por exemplo, o pesquisador e sócio da empresa, Marcos Aurélio Corrêa Machado, ganhou o prêmio Finep de Inovação na categoria Inventor Inovador.

Entre os 588 projetos inscritos de todo o País, o pesquisador campineiro conquistou o primeiro lugar com a sua criação - a Unidade de Digestão de Amostras por Micro-ondas, um equipamento que auxilia a preparação de amostras em laboratórios que precisem dissolver qualquer tipo de material para análises.

Na prática, o digestor consegue fazer a dissolução de qualquer composto – de aço a cabelo, passando por ferro, cerâmica, papel, ouro e sangue, entre outros – com o objetivo de conhecer quais os elementos químicos que compõem a amostra, e pode atender a indústria farmacêutica, metalúrgica, cimenteira e de análises clínicas, entre outras.

Machado tem 26 patentes registradas de seus inventos. Para desenvolver o esterilizador de lixo hospitalar, disse, foram necessários cinco anos de pesquisa e cerca de R$ 5 milhões de investimentos.

Para obter esses recursos, ele e o sócio chegaram a vender algumas propriedades. “A realidade é que nós sabemos pesquisar e desenvolver produtos, mas não sabemos vendê-los. Por isso precisamos de uma empresa que faça isso por nós”, disse.

O modelo de negócio que será adotadoaindanão está definido.“O que importa é que o equipamento é de utilidadepública eresolve o problema do lixo hospitalar, um dilema mundial”, afirmou.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por