O cometa Neowise passa pela Seven Magic Mountains, no deserto de Nevada, nos Estados Unidos (Ethan Miller/France Press)
O cometa Neowise, descoberto pela Nasa em 27 de março deste ano, pode ser visto pelos brasileiros, até o final do mês. A próxima "passagem" do Neowise pela Terra é calculada pelos astrônomos para daqui a 6.800 anos. A quem se interessar por registrar sua presença, cabe lembrar: fenômenos como esse variam muito de um dia para o outro, são imprevisíveis e algumas condições são necessárias para tudo dar certo. No Hemisfério Norte, ele provocou um raro espetáculo. Fotos mostram um luminoso corpo redondo acompanhado por uma cauda igualmente brilhante atravessando os céus da Itália e da República Tcheca, por exemplo. Na quarta-feira, o Neowise passou sobre as Seven Magic Mountains, no deserto de Nevada, nos EUA. O Observatório Municipal de Campinas Jean Nicolini está fechado em razão da pandemia, mas o público pode conferir o Cometa Neowise em casa mesmo. O astrônomo Júlio Lobo, da equipe do Observatório — que nos seus 43 anos de atividade mantém viva na memória a imagem de Cometas emblemáticos, como o Austin, o Halley, o Encke, o Hale Bopp e o Hyakutake —, dá as dicas. "O Cometa, que estava visível apenas para habitantes dos países do Norte, finalmente aparece aqui no Brasil. Para facilitar a observação, estou indicando dois aplicativos para baixar nos celulares e saberem onde e qual o melhor dia e horário para visualizar o Neowise, dependendo de onde estão: o Comet Book e o Sky Safari Astronomy App, ambos disponíveis para Android e iOS". "Importante saber que teremos uma janela de observação até o dia 30 de julho. Depois, a forte luz do luar começará a atrapalhar a visualização", argumenta. Lobo recomenda a observação em local com o horizonte Noroeste limpo para uma boa visualização. Além disso, indica o uso de binóculo até o dia 30 de julho. "Depois disso, é mais indicada a utilização de telescópios com no mínimo 150mm de abertura para observar o Neowise", diz. O astrônomo ainda avisa: "Não espere ter a mesma impressão que foi observada no Hemisfério Norte, já que lá foi visto em melhores condições: a altura em relação ao horizonte e o fato de que antes ele estava se aproximando do Sol (agora está se afastando). Lembrem-se que vocês vão ver um objeto com bilhões de anos e que vai retornar novamente só daqui a 6.800 anos", arremata emocionado. E mais: o melhor é procurar locais seguros e sem aglomeração. Visão É a ação solar que permite que os cometas sejam vistos. Como são compostos por um núcleo de gelo, o calor do Sol provoca a sublimação desse material, transformando-o de sólido em gasoso. O gás que sobe pela superfície do corpo dá a visão do brilho que rasga o céu em sua passagem. Quanto mais longe do Sol, menos partes são desprendidas e menos visível ele fica.