A parceria estratégica é entre a Noruega, a Secretaria Brasileira de Infraestrutura e a EMAE
Local do futuro empreendimento: é um dos maiores e mais importantes reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo; a oeste, faz limite com a Bacia Hidrográfica da Guarapiranga e, ao sul, com a Serra do Mar (Divulgação)
Representantes do governo da Noruega, por meio da Innovation Norway, principal agência de fomento Comércio Internacional e Desenvolvimento das Empresas Locais do país europeu, reuniram-se no início deste mês com executivos da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente e da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE) para troca de experiências em projetos de geração de energia solar. Na ocasião, os executivos estrangeiros demonstraram interesse na chamada pública para desenvolvimento da usina fotovoltaica flutuante na Represa Billings. Em outubro, o governo do Estado de São Paulo, por meio da EMAE, abriu procedimento administrativo voltado à seleção de proposta para a escolha de empresas interessadas em instalar empreendimentos do tipo no reservatório da Zona Sul da capital paulista. Os participantes deverão apresentar documentos técnicos, financeiros e ambientais previstos no edital. Potencial “A SIMA percebeu um grande potencial na energia solar no Estado. Desenvolvemos um mapa solar em São Paulo e a EMAE tem feito, desde o fim do ano passado, testes na Billings para implantação dessa tecnologia renovável. Este estudo preliminar foi o que norteou a chamada pública”, afirmou o subsecretário de Infraestrutura da SIMA, Glaucio Attorre Penna. “Estamos à disposição para aproximar ambos os países no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e inovadoras, bem como convênios para intercâmbio de experiências e cooperação”, afirmou o presidente da EMAE, Marcio Rea. A Innovation Norway destacou que, somente no Brasil, a Noruega investiu cerca de 25,5 bilhões de dólares em 2018 em diversas áreas, entre elas, a de energia. São recursos em 84 localidades de 19 estados, gerando 27 mil empregos diretos e 585 mil indiretos e induzidos. Historicamente, a Noruega é parceira comercial no Brasil. No século 19, o país europeu vendia bacalhau para o Brasil e levava de volta açúcar. “O setor da energia solar é muito importante para as indústrias norueguesas e seguiremos acompanhando as discussões para talvez colaborar formalmente”, afirmou o diretor da Innovation Norway América do Sul, Håkon Ward. O Norwegian Solar Energy Cluster reúne um conglomerado de atores no setor de energia no país com mais de 100 empresas e nove institutos de pesquisas e agências governamentais. O objetivo é integrar diferentes tecnologias integradas na área em projetos de grande porte. “A Noruega reúne vasta experiência na exploração offshore, tanto no óleo e gás quanto na área de aquicultura marítima e lagos. E muitas destas tecnologias puderam ser reutilizadas na área de solar flutuante”, afirmou o gerente de projetos da Innovation Norway – Rio Office, Bruno Leinio, destacando a experiência de empresas do país europeu no controle de ativos na geração de energia híbrida (hidráulico e solar). Também participaram do encontro o assessor executivo da EMAE, Genésio Betiol, e o assessor da Subsecretaria de Infraestrutura, Patrick Schindler. Definidos os termos do chamamento público Já se encontram definidos os termos principais que guiarão o chamamento público para o empreendimento. Para começar, serão apresentadas propostas de plantas de geração com potência que variam entre 1 megawatt-pico e 30 megawatt-pico em quatro locais pré-estabelecidos na Billings e, após análise dos documentos entregues, a EMAE selecionará as melhores propostas, com possibilidade de implantação pelas empresas habilitadas. Vencido o trâmite necessário junto aos órgãos reguladores, a EMAE e os futuros parceiros poderão constituir uma Sociedade de Propósito Específico – SPE para viabilizar a implantação das usinas solares fotovoltaicas flutuantes, cuja energia produzida será comercializada nos Ambientes de Contratação Regulada (ACR) e Livre (ACL). A EMAE terá uma participação na receita financeirta em função da estruturação societária e do negócio a ser constituído. A Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, por meio da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), começou os testes da primeira usina fotovoltaica flutuante da cidade de São Paulo em fevereiro deste ano. O uso dessa usina, que gera energia a partir da radiação solar, tem por objetivo ampliar o uso de fontes alternativas e sustentáveis na geração de energia elétrica. A plataforma em teste tinha 100 kilowatts de potência e o projeto piloto foi avaliado durante 90 dias. O empreendimento ocupa uma área de mil metros quadrados do reservatório Billings junto à usina elevatória de Pedreira. Para implantação do projeto foram investidos R$ 450 mil em equipamentos. A iniciativa é em parceria com a Sunlution Soluções em Energia Ltda, que foi escolhida por meio de Chamamento Público lançado em outubro. O teste servirá para avaliar a viabilidade da implantação de usinas fotovoltaicas nos reservatórios da Capital. Se o resultado for positivo, a Emae abrirá uma nova chamada pública para implantação de usinas semelhantes nas represas Billings e Guarapiranga. “Nós temos que buscar alternativas em parceria com a iniciativa privada e com a população em geral, a fim de mudarmos nossos hábitos e investirmos no desenvolvimento sustentável. Cuidar do meio ambiente é um dever de todos”, explica o Secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido. Com enorme potencial de aplicação e diversas vantagens técnicas, as instalações de usinas flutuantes cresceram nos últimos anos e devem continuar ganhando espaço. Em 2018, os projetos ao redor do mundo somavam apenas 1,1 Gigawatts (GW), de acordo com o estudo do Banco Mundial. Para 2030, a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, na sigla em inglês) estima um total de 400 GW em capacidade mundial instalada de solar flutuante. Usinas solares flutuantes são utilizadas somente em projetos de geração centralizada, ou seja, para a produção de grandes cargas de energia.