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Cai número de divórcios durante a quarentena

Redução na RMC chega a 30% na comparação com 2019

Daniel de Camargo
31/07/2020 às 07:56.
Atualizado em 28/03/2022 às 20:21
Com o isolamento social, buscar apoio jurídico ficou mais difícil: especialista alerta para ter prudência na análise dessa informação, pois há muitas variantes (Leandro Ferreira/AAN)

Com o isolamento social, buscar apoio jurídico ficou mais difícil: especialista alerta para ter prudência na análise dessa informação, pois há muitas variantes (Leandro Ferreira/AAN)

O número de divórcios caiu cerca de 30% na Região Metropolitana de Campinas (RMC) durante os quatro meses da quarentena imposta pela pandemia da Covid-19, se comparado ao mesmo período de 2019. Segundo levantamento realizado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) a pedido do Correio Popular, foram formalizadas 1.595 separações entre março e junho deste ano, ante 2.283 contabilizadas no ano passado. Ou seja, 688 a menos. Professora da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, Rita Khater assegura que analisar esses dados é complicado. Primeiramente, chama atenção para o fato de a população ter tido o acesso a advogados e à Justiça dificultado nesse período. Por outro lado, informa haver estudos que apontam que a violência doméstica cresceu. Deste modo, exclui-se a possibilidade de que passar mais tempos juntos necessariamente seja um facilitador de reconciliações. "Todos sofremos alterações porque saímos da normalidade. O quanto cada indivíduo foi afetado é subjetivo", comentou. Rita destaca que todos os desdobramentos da pandemia, entre eles, a crise econômica e o medo da doença, podem aproximar ou afastar os casais. "Isso vai depender de como a relação estava antes", contextualiza. O divórcio consensual, quando as partes de comum acordo estabelecem as cláusulas da separação e requerem, somente, sua homologação em juízo, apresentou queda de aproximadamente 16% saindo de 1.035 ocorrências no ano passado, para 871 em 2020 — 164 desuniões a menos. Entre março e junho deste ano, foram registrados ainda 677 do tipo litigioso e 47 conversões de separação judicial em divórcio. De acordo com o balanço, o maior número de registros durante o período de isolamento social, ocorreu em março. Ao todo, 515 divórcios. Abril, maio e junho somaram 284, 363 e 433 separações, respectivamente. Maior cidade da RMC, Campinas registrou 329 divórcios — a maior quantidade. As cidades com menos separações foram Pedreira e Vinhedo. Ambas, totalizaram 33 separações. Os registros são de foros de 16 cidades da RMC — Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara D'Oeste, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. No Estado de São Paulo, a queda no número de divórcios durante a quarentena foi de 34%, com os registros sendo reduzidos de 36.330 para 23.869. Atenção plena colabora com a harmonia Um estudo americano observou que casais que apresentavam maiores graus de atenção plena durante um período de conflitos de relacionamento reduziam mais rapidamente seus níveis de cortisol, hormônio associado ao estresse, sugerindo que eles estavam se acalmando de maneira mais eficaz, amenizando o impacto do embate. De acordo com o médico e pesquisador Marcelo Demarzo, de Campinas, a prática de Mindfulness, uma técnica de atenção plena, pode ajudar porque o treinamento da concentração fortalece "fatores individuais" de aceitação e ajuda o indivíduo a lidar com as relações. "A hipótese é que parceiros com níveis mais elevados de atenção plena tendem a não levar as discussões para o nível pessoal, regulam mais rapidamente reações emocionais, e se empatizam mais profundamente com as questões do parceiro", diz Demarzo. Para saber mais sobre a prática, acesse http://mindfulnessbrasil.com.

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