EM CAMPINAS

Calvário no Mário Gatti tem espera de até 15h

Isso corrobora fala de Carmino de que saúde está à beira do caos

Renato Piovesan
20/08/2018 às 08:46.
Atualizado em 22/04/2022 às 15:29
Mulher de 57 anos precisou esperar quase 15 horas para ser atendida entre sábado e domingo (Leandro Ferreira)

Mulher de 57 anos precisou esperar quase 15 horas para ser atendida entre sábado e domingo (Leandro Ferreira)

Após o secretário municipal de Saúde Carmino de Souza ter afirmado na última semana que a saúde de Campinas está à beira de sofrer um colapso financeiro, pacientes sentiram na pele neste fim de semana a cruel rotina de longas filas, atrasos, poucos médicos e limitações de atendimento nos principais hospitais da cidade. No Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, por exemplo, uma mulher de 57 anos precisou esperar quase 15 horas para ser atendida entre sábado e domingo. “Eu não sou de ir para hospital, mas estava com muitas dores nas costas e na barriga. Não estava aguentando de dor”, descreveu a dona de casa Célia Lúcia Vicente, que procurou a unidade hospitalar para tratar uma infecção urinária. “Cheguei ao hospital às 20h de sábado e só saí às 11h30 de hoje (ontem). Nem dormi, só cochilei na cadeira enquanto esperava. Durante a madrugada ainda precisei tomar soro para amenizar a dor, mas só fui atendida por um médico que me receitou alguns medicamentos na parte da manhã”, afirmou. Ela não foi a única que sofreu por depender da saúde pública de Campinas neste fim de semana. O militar aposentado Antônio Carlos Teixeira, de 54 anos, veio de Hortolândia ao Mário Gatti ontem pela manhã para levar sua irmã ao ortopedista, mas se revoltou com a demora para passar pela triagem. “Tinha pouca gente quando cheguei, e, mesmo assim, a espera já era de duas horas. E nem era para o atendimento, eu falo de esperar duas horas para a triagem mesmo”, disse.   Segundo ele, no momento em que a reportagem do Correio Popular chegou ao hospital, por volta das 11h, um dos guardas chamou 15 pessoas para uma sala interna do hospital. “Parece que esperaram a imprensa chegar para agilizarem. Todo mundo percebeu isso. Chamaram 15 pessoas de uma vez para fazer a triagem, foi super estranho”, contou Teixeira. Em nota, a Prefeitura negou que funcionários tenham orientado pacientes a ficarem em um mesmo espaço para ‘despistar’ a imprensa: “O Hospital Mário Gatti refuta a informação de que orienta seus pacientes a ficarem em um mesmo espaço, enquanto aguardam atendimento. O hospital tem salas amplas, além de sua área externa, onde os pacientes permanecem até que sejam atendidos. Em relação a paciente que esperou atendimento desde a noite de sábado até a manhã de domingo, o hospital irá apurar se realmente houve esta demora no atendimento”. Infantil No Pronto-Socorro Infantil Ouro Verde, o atendimento pediátrico esteve limitado neste fim de semana. A unidade conta com apenas um médico especialista. Por isso, foram priorizadas crianças em estado grave ou de emergência. Nos demais casos, pais e responsáveis foram orientados a procurar outras unidades de saúde na cidade. Reflexos A situação problemática na saúde de Campinas já vem de muitos anos, mesmo com os crescentes investimentos no setor. De acordo com o secretário Carmino de Souza, a Prefeitura gastou nos últimos dois anos cerca de 31% do orçamento com saúde, mais que o dobro do que determina a Constituição, que obriga a investir 15% na área e também acima dos 17% determinados pela Lei Orgânica do Município. Em 2015, o gasto havia comprometido 29% do orçamento. “Têm municípios que estão investindo quase 40%. É insuportável o momento de financiamento da Saúde. Nós esperamos que quem ganhe a próxima eleição, assuma esse risco, porque nós estamos sob pena de entrarmos um colapso por falta de recursos”, desabafou.

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