Campinas tem 63 centros de saúde, e cada um deles receberá 400 doses por semana, totalizando 25.600 na cidade inteira a cada sete dias
Moradores de Campinas buscam mais informações sobre o esquema de vacinação contra a febre amarela no posto de saúde do Jardim Capivari (Cesar Rodrigues/AAN)
A partir desta segunda-feira, a vacina de febre amarela está disponível em todos os centros de saúde de Campinas. Será acessível aos que desejem tomá-la. Entretanto, a Secretaria de Saúde orienta que sejam imunizados apenas os que vivem, frequentam ou que irão viajar para as áreas de risco - no Brasil, essas áreas se restringem às silvestres (onde há mata). Desde 1942 (há 75 anos) não há casos urbanos da doença. A indicação de vacinar só quem precisa é porque a vacina traz riscos colaterais significativos. “No ano 2000, Campinas vacinou em massa e pagou muito caro por isso, com uma morte”, informa o secretário municipal, Carmino de Souza. “Para nós da Prefeitura seria mais fácil, mais cômodo, fazer uma campanha para que todos se vacinassem, mas isso seria um erro porque cientificamente é mais prudente não vacinar quem não precisa”, acrescenta o médico. Ainda segundo o secretário, “o risco atual de febre amarela na área urbana de Campinas é virtualmente (praticamente) zero”. Campinas tem 64 centros de saúde, e cada um deles receberá 400 doses por semana, totalizando 25.600 na cidade inteira a cada sete dias. Além de contra-indicada para quem não vai para áreas silvestres, a vacina também não deve ser aplicada em crianças com menos de 9 meses de idade; maiores de 60 anos; pacientes com câncer, com imunidade baixa e/ou que usem corticoides; e os alérgicos à gelatina, a produtos que contêm proteína animal bovina e ovos de galinha. Já para quem vive ou vai para alguma das áreas de risco, é muito importante ser vacinado porque a febre amarela é uma doença grave. Mata 20% dos casos brandos e 50% nos graves. Quem tem contra indicação para tomá-la, mas que viva ou vá se dirigir às áreas de risco deve buscar a opinião de um médico particular antes de tomar a vacina. Ele vai atestar a indicação. Por isso, um alérgico a ovo que vá para o distrito de Sousas, por exemplo, deve passar por uma avaliação médica particular para que o posto de saúde possa aplicar a injeção. A recomendação da Organização Mundial da Saúde é de que as pessoas tomem uma única dose contra a febre amarela. No entanto, como medida adicional de proteção, o Ministério da Saúde definiu a manutenção do esquema de duas doses da vacina Febre Amarela no Calendário Nacional, sendo uma dose aos noves meses de idade e um reforço aos quatro anos. A partir desta segunda, as doses estarão sempre disponíveis nos postos de Campinas. Serão aplicadas durante o expediente em cada uma das unidades. Por conta disso, acabou o agendamento. Quem já tem data marcada, pode esperar até o dia agendado ou ir antes a um posto para ser imunizado. População foi imunizada em áreas de risco As áreas de risco em Campinas — os distritos de Sousa, Joaquim Egídio e o bairro rural Carlos Gomes — tiveram toda a população vacinada, segundo a Secretaria de Saúde. "O bloqueio da zona rural foi rápido e eficiente. Todas as casas foram visitadas em três semanas. E os 4% da população que moram naquela região já foram vacinados" , afirma Carmino de Souza. Desde janeiro, foram aplicadas mais de 76,3 mil doses na cidade. Campinas tem dois casos de pessoas que estariam doentes com febre amarela: um homem de 36 anos e um idoso de 63. Ambos são do distrito de Sousas. Até agora não há nenhuma morte humana na cidade pela doença. Já quanto aos macacos, que são sentinelas da enfermidade, Campinas contabiliza cinco mortos, 11 casos descartados e 11 em investigação. Não há previsão de quando sairão os resultados dos exames dos humanos, nem dos primatas porque todos eles são feitos no Instituto Adolfo em São Paulo, que está sobrecarregado porque todos as averiguações do Estado são feitas no local.