Campinas registrou ontem o décimo caso de Covid-19 e investiga 308 pacientes com os sintomas da doença
Campinas registrou ontem o décimo caso de Covid-19 e investiga 308 pacientes com os sintomas da doença. Com o avanço da pandemia, será montado um hospital secundário em um centro de convenções. Será uma espécie de ambulatório para atender pacientes que não necessitam de respiradores ou unidade de terapia intensiva. O prefeito Jonas Donizette informou que negocia a instalação no Expo D. Pedro. Dos dez casos registrados de coronavírus, apenas dois estão hospitalizados e o quadro é estável. A nova notificação é de um homem de 62 anos, que está internado por complicações de diabetes. O prefeito Jonas Donizette afirmou que está sendo preparada uma infraestrutura, com 146 leitos de UTI, para garantir atendimento dos casos graves, se for necessário. "Ainda não temos ninguém com Civid-19 em UTI. Trabalhamos com vários cenários para enfrentar um crescimento exponencial da doença, como temos verificado no mundo. A preparação de um hospital secundário é uma delas". Mário Gatti O presidente da Rede Mário Gatti, Marcos Pimenta, informou que foi criada uma linha diferenciada de atendimento para pessoas com sintomas de Covid-19 nas Unidades de Pronto Atendimento. No Hospital Mário Gatti foi aberta uma porta de entrada separada (que está sendo chamada de "griparia") e haverá outra no Hospital Ouro Verde para receber os pacientes. Segundo ele, está havendo uma negociação com o Estado para mais leitos de UTI, com pessoal e equipamentos. As síndromes respiratórias graves são responsáveis pela ocupação de 10% dos leitos de UTI, normal para essa época em que há circulação maior de vírus respiratório. No Hospital Mario Gatti há 14 pessoas internadas na UTI com síndrome respiratória (8 crianças), mas ainda sem confirmação de coronavírus e que estão sendo monitoradas. Segundo o presidente da Rede Mário Gatti, nenhuma está em estado grave. Pimenta disse que a população está respondendo bem ao apelo para só procurar hospital se tiver com os sintomas, como febre, tosse, coriza e falta de ar. "De cada 100 pessoas que tiverem Covid-19, 80 passarão de forma leve, com tosse, coriza e serão medicadas como resfriado simples. Quem tiver com febre que não cede e falta de ar tem que procurar hospital", disse. Jonas disse ontem que foram comprados equipamentos de proteção individual (EPI) e que há estoque adequado para as necessidades da Rede Mário Gatti. Ele disse também que está sendo feito chamamento de concursados e que os médicos começam a trabalhar dia 6 de abril. Serão também 150 contratações emergências para a rede. Transporte A partir de hoje, agentes de mobilidade estarão nos terminais de ônibus de Campinas para tentar impedir que as pessoas utilizem ônibus se o motivo não for de urgência. O prefeito Jonas Donizette informou que os usuários serão abordados, informarão o destino e o motivo da viagem. Se não for caso urgente, os agentes permitirão o embarque com o aviso de que na próxima vez o embarque será proibido. "É uma atitude para restringir o uso do transporte coletivo e deixá-lo para quem realmente precisa", disse. Jonas anunciou reforço em três linhas de ônibus e a suspensão do passe estudante e do passe universitário. O passe idoso permanecerá até terminar a campanha de vacinação. Depois disso também será suspenso. Companhias aéreas reduzem até 90% dos voos domésticos O Aeroporto Internacional de Viracopos teve redução de 66% nos seus voos domésticos esta semana, registrando, somente no domingo o cancelamento de 177 voos. A companhia aérea Azul reduzirá 90% da sua capacidade de hoje até o dia 30 de abril. Em Campinas, a medida representa o cancelamento de cerca de 135 voos do total de 150 que a Azul opera na cidade. Na malha de passageiros de voos domésticos de Viracopos, das 269 operações previstas no último domingo, apenas 92 foram realizadas. A redução nas operações internacionais de Viracopos chegou a 46%. No domingo, Viracopos teve o cancelamento de seis operações na malha de passageiros internacionais, reduzindo de 13 para sete. De hoje até sábado estão previstas 56 operações nesta mesma malha internacional, ainda sem previsão de cancelamento. A designer gráfica Isabella Machado, de 28 anos, teve sorte de não ter comprado um dos voos cancelados. Ela embarcou em Madri na última segunda-feira e chegou em Campinas ontem pela manhã (24/03), após dez horas de viagem. “Vim porque fiquei preocupada com meus pais e porque as coisas estão ficando muito feias por lá, com possibilidade de um prolongamento das medidas. Eu estava confinada. Comprei passagem na segunda, o aeroporto estava vazio, o avião estava vazio, mas o voo aconteceu sem problema pela Air Europa. Deu tudo certo”, descreve Isabella. “Ninguém falou comigo. Há anúncios nos aeroportos, mas ninguém me recomendou fazer quarentena quando chegasse ao Brasil, nenhuma mensagem direta. Fiz por iniciativa própria”, completou. Segundo a assessoria de imprensa de Viracopos, “a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos esclarece que segue todas as recomendações da Anvisa e coopera com os órgãos federais e companhias aéreas. A concessionária mantém alertas sonoros, em três idiomas, para todos os passageiros e colaboradores.” Por meio de nota divulgada à imprensa, a Azul informou que a companhia “irá operar somente 70 voos diários para 25 cidades, o que representa uma redução de 90% na capacidade total da malha da empresa.” (Adriana Menezes/AAN) Prefeitura inicia lavagem de calçadas Prefeitura de Campinas começou a lavar as calçadas e acesso de cerca de 20 unidades hospitalares da cidade como medida sanitária nesse período de pandemia de coronavírus. Segundo o secretário de Serviços Públicos, Ernesto Paulella, duas equipes, com oito pessoas e um caminhão-pipa com capacidade de 10 mil litros cada, atuam na lavagem por tempo indeterminado. Na limpeza é feita com água, detergente e desinfetante. A medida começou a ser adotada em várias cidades, como Rio de Janeiro e Brasília, e já é utilizada em vários países como combate à epidemia. A lavagem prioriza as superfícies e áreas de contato nos hospitais municipais, estaduais e privados. (AAN) Unicamp pede recursos para testes e equipamentos A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pediu ao governo do Estado recursos extras para o enfrentamento da pandemia de coronavírus. O reitor Marcelo Knobel informou que pleiteou verbas para a aquisição de testes rápidos, equipamentos de proteção individual (EPIs), ampliação de leitos de unidade de terapia intensiva e contratação emergencial de pessoal. Ele disse que está em contato com a secretaria e espera conseguir liberação até o final de semana. Funcionários da área da saúde da universidade relatam que já estão ficando sem EPIs. A alta demanda de atendimento, informam, está estrangulando a estrutura disponível e é preciso socorro financeiro para dar conta do aumento de atendimentos que deve ocorrer com o avanço da epidemia. O deputado Rafa Zimbaldi (PSB) informou que foi contatado pelo reitor. Ele conversou ontem com o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) e obteve a informação que o Estado irá ajudar ainda esta semana. A Unicamp montou uma força tarefa que está estruturando a universidade para atuar em várias frentes. Vão desde o desenvolvimento e implementação de testes que possibilitem diagnóstico em larga escala para essas unidades de saúde, a utilização de sua capacidade de pesquisa e inovação para buscar descobertas científicas que nos coloquem mais próximos da compreensão da ação do vírus, do desenvolvimento da doença e da ação de fármacos com potencial de reverter o quadro da infecção. Também há uma frente de divulgação que prestará o serviço à iniciativa de levar, em tempo real, os progressos científicos da força tarefa à comunidade, como atuar junto à sociedade no fornecimento de informações confiáveis sobre a pandemia. Outra frente, liderada por pesquisadores da Faculdade de Ciências Médicas, coordenará os ensaios clínicos voltados à Covid-19 na Unicamp. Também um grupo atuará na construção de modelos para a previsão de possíveis cenários e análise de dados epidemiológicos que auxiliem na compreensão dos impactos da Covid-19 na sociedade.