O estudante Denis Papa Casagrande foi espancado por cinco pessoas antes de ser esfaqueado
Dênis Casagrande (Arquivo Pessoal)
Uma testemunha ouvida pela reportagem afirma que o estudante Denis Papa Casagrande foi espancado por cinco pessoas. O rapaz, que estava próximo da confusão e pediu para não ser identificado, contou que depois que o atendente Anderson Mamede passou a agredir o universitário, outros quatro punks se juntaram na sessão de espancamento. "Eu frequento muito as festas da Unicamp e nunca tinha visto esse pessoal. Esse tal de Anderson começou a bater no Denis, mas depois outros quatro punks começaram a espancar o cara, foi uma covardia" , contou. O grupo continuou surrando o estudante mesmo depois dele ter desfalecido. A testemunha, que deve prestar depoimento à Polícia Civil essa semana, costuma frequentar as festas da Unicamp e conta que nunca tinha visto uma briga como a que matou o estudante de Engenharia e Controle de Automação. "Sempre tem festa na Unicamp e nunca aconteceu nada parecido" , disse.Mais de três mil pessoas participaram do Festival de Rádios Livres, que pretendia ser uma espécie de homenagem a Woodstock, no campus da Unicamp. O evento estava sendo divulgado pela internet e tinha na sua programação a apresentação de seis bandas, que começariam a tocar às 23 horas e só terminariam às 10 h. Apesar do volume de participantes, muitas pessoas que estavam na festa contaram que não havia seguranças. "Os vigilantes da Unicamp não fazem a segurança da festa" , disse um dos ambulantes que participaram do festival. Uma das colegas de Denis reclamou nas redes sociais da falta de segurança no distrito de Barão Geraldo. "O ocorrido foi um absurdo e eu ainda estou em choque. (…) Como se não bastassem as centenas de assaltos e estupros agora também temos casos de assassinato. No dia 4 fizemos uma manifestação no bairro para pedir mais segurança, depois disso quase todos os dias eu vi uma base móvel da polícia próxima ao Bandejão. No dia da festa não havia policiamento nenhum no bairro. Cheguei por volta da 1h10 e a rotatória já estava lotada, foi bem difícil estacionar o carro. Perto do Teatro de Arena tinha muitas motos, o que não é comum" , narrou.A Polícia Militar informou, por meio de nota enviada à imprensa, que não foi informada sobre o evento, bem como não recebeu nenhuma solicitação para atuar no local, exceto por volta das 03h32min quando houve uma solicitação via 190, para socorrer uma pessoa que havia se envolvido em uma briga. "A Polícia Militar do Estado de São Paulo está disponível 24 horas por dia através do telefone de emergência 190", afirmou nota. O Setor de Homicídios deve iniciar essa semana os depoimentos das testemunhas do caso. O delegado Rui Pegolo, titular do Setor, não foi localizado para falar sobre o inquérito.Quase uma rave, o festival reuniu um público variado. Profissionais liberais, adolescentes, e trabalhadores de várias áreas se somaram ao universitários na festa, que ocorria no Ciclo Básico. "A gente não encontrou nenhuma dificuldade para entrar. Só não conseguimos parar o carro lá dentro porque estava tudo muito lotado, então deixamos o carro lá fora e caminhamos até a festa" , afirmou A., que estava na festa. Segundo a Unicamp, a festa era clandestina e os participantes avançaram com os carros sobre a guarita para entrar no local. O relato de quem esteve no local, no entanto, é diferente. "Não precisamos invadir nada, tinha milhares de pessoas lá dentro e em nenhum momento tentaram nos tirar de lá" , afirmou M.Vários vendedores ambulantes montaram barraquinhas no espaço para vender produtos variados como pastel, churrasco, cerveja, água e refrigerante. "Tinha muito vendedor ambulante lá dentro" , comentou A. "Eu vendi toda a cerveja que levei e só não vendi mais porque a festa acabou depois da briga" , disse o jovem.Em nota enviada à imprensa, a universidade afirmou que desde 2009 a realização de festas no campus está sujeita a autorização prévia. A reportagem tentou localizar algum representante da Rádio Muda, mas não obteve sucesso. Veja também Família de aluno morto na Unicamp cobra segurança Universitário morreu após ser esfaqueado em uma briga com punks em festa clandestina Estudante morto durante festa é sepultado em Piracicaba Cerca de 150 pessoas acompanharam o funeral, enquanto amigos de Campinas fazem homenagem República homenageia estudante morto em festa Amigos prestam última homenagem a Denis Casagrande, morto durante festa na Unicamp