PERIGO NO AR

Cortes de energia causados por pipas aumentam 30%

Dado da CPFL Paulista refere-se a 2020 e é reflexo do isolamento social

Raquel Valli/ Correio Popular
22/03/2021 às 11:37.
Atualizado em 21/03/2022 às 23:15
Adolescente exibe pipa que está prestes a colocar no ar: brincadeira, comum nas ruas de Campinas, traz risco ao sistema elétrico (Cedoc/ RAC)

Adolescente exibe pipa que está prestes a colocar no ar: brincadeira, comum nas ruas de Campinas, traz risco ao sistema elétrico (Cedoc/ RAC)

As interrupções de energia elétrica causadas por acidentes com pipas tiveram um aumento de 30% entre janeiro e dezembro de 2020 na região de Campinas, em relação ao mesmo período de 2019. O dado é da CPFL Paulista e refere-se a dez municípios. De acordo com Ricardo Pessanha, gerente de operações de campo da empresa, o crescimento do número de casos tem relação com a pandemia, que fez com que as pessoas ficassem mais tempo em casa. "Creio que tanto adultos quanto crianças ficaram mais entediadas nesse período e por isso decidiram empinar pipas para espairecer", imagina.

De acordo com Pessanha, embora essa brincadeira seja tradicional e divertida, ela também pode ser perigosa e causar prejuízos tanto à CPFL quanto aos consumidores, que correm o risco de ter o fornecimento de energia interrompido. Ele faz questão de reforçar que os casos registrados pela companhia em 2020 refletem um comportamento atípico da população. Antes, afirma, a maioria dos problemas causados por pipas no sistema elétrico era registrado nos meses de férias escolares. No ano passado, os acidentes ocorreram durante todo o ano.

A região considerada no levantamento registrou 1.668 interrupções de energia por pipas em 2019. No ano passado, esse número saltou para 2.171. Campinas lidera o ranking com mais casos em 2020 (694), seguida por Hortolândia (280) e Sumaré (242). De acordo com o gerente de operações, o problema causado por esse tipo de comportamento pode ir além da falta de energia.

Quando é rompido pela pipa, o cabo pode atingir o solo ainda energizado. Se alguém tocá-lo, poderá receber a descarga elétrica. As consequências são diversas, podendo ocasionar a morte. "A linha com cerol, ao se chocar contra os cabos do poste, provoca o rompimento da fiação. É importante as pessoas acionarem o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou o Corpo de Bombeiros caso presenciem uma situação como essa, pois o impacto da pipa com os fios pode provocar um curto-circuito", alerta.

É comum encontrar outros objetos presos à fiação, além do "papagaio", segundo Pessanha. Entre eles, estão pares de tênis que ficam dependurados nos cabos. "Encontramos outras coisas na fiação além da pipa, mas ela é mais perigosa porque a linha que entra em contato com a rede elétrica normalmente está sendo manuseada pelas pessoas. Pode ser que nada a aconteça instantaneamente, mas o objeto vai permanecer no mesmo lugar por dias. Em contato com a chuva, por exemplo, as chances de provocar um curto-circuito são altas", observa.

Quando o "brinquedo voador" causa problemas na fiação, um bairro inteiro pode ficar sem energia, dependendo da configuração da rede, como pontua Pessanha. Algumas subestações da CPFL, diz, são dotadas de transformadores e cabos, chamados de linhas de transmissão, por alimentarem diversas áreas do município. Se a pipa invade um espaço como esse, ela pode causar falta de energia em toda a cidade. "Por isso que recomendamos às pessoas que soltem pipa em locais abertos e afastados dos grandes centros urbanos, onde há grande presença de postes".

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