O hábito da carona ? prática recomendada para reduzir a poluição e os congestionamento ? acabou em penalidade no distrito de Barão Geraldo
O hábito da carona — prática recomendada para reduzir a poluição e os congestionamento — acabou em penalidade no distrito de Barão Geraldo, em Campinas. Na manhã da última quarta-feira, a diarista Dulcinéia Antunes de Souza Oliveira foi parada em uma blitz na Estrada da Rhodia enquanto se deslocava para o trabalho em um condomínio da região. Ela foi acusada por um fiscal de trânsito da EMTU de praticar transporte clandestino, quando, na verdade, apenas dava carona a outras amigas que trabalham no mesmo condomínio. Além de ser intimidada pelo agente, ainda teve o carro guinchado e foi multada em cerca de R$ 2,6 mil. "O fiscal pediu para eu descer do carro e começou a me intimidar. Disse que eu estava cometendo um crime e que ia guinchar meu carro, porque eu estava recebendo dinheiro para fazer o transporte", explicou Dulcinéia. "Ele foi rude, grosseiro e não dava atenção para o que eu falava. Fiquei com medo e totalmente desorientada, sem saber o que fazer", ressaltou, lembrando que as amigas só iriam dividir os custos com combustível. Assustada, a diarista acabou ligando para sua patroa, a médica Priscila Franchini, que ficou preocupada e foi até o local da blitz para saber se ela estava bem. Quando chegou lá, foi agredida verbalmente. "Eu me aproximei do fiscal. Ele era uma pessoal intimidadora e que me olhava com bastante desprezo. Quando comecei a explicar que a Dulce estava apenas dando uma carona para duas pessoas que trabalham com ela no mesmo condomínio que eu moro, ele levantou a voz comigo. Disse que a minha argumentação não importava e que ele guincharia e multaria o carro dela mesmo assim", disse Priscila. A apreensão do carro, além de prejudicar a rotina de Lucinéia, ainda coloca em risco a vida de seu filho Jonathan, de 17 anos. O garoto teve um AVC em 2003 e depende do carro para seguir com o tratamento. Além do carro, a diarista revelou que a cadeira de rodas de seu filho também foi apreendida pelo fiscal. "Meu filho está tendo quadros depressivos. Porém, sem o carro e a cadeira de rodas, não consigo levá-lo nos médicos.” Em nota, a EMTU alegou que a motorista cometeu sim um crime e que ela tem que ser penalizada por isso. “No momento da fiscalização quatro passageiras foram entrevistadas pelo fiscal e afirmaram que a motorista cobrava R$ 4,00 de cada uma. A EMTU-SP já atendeu o advogado da condutora e permanece à disposição para os esclarecimentos. A cidadã pode recorrer da multa e apreensão do veículo por vias judiciais”, explica. Sobre a conduta do agente, a Emtu informou que conta com uma equipe devidamente treinada e orientada para atuar com respeito aos cidadãos. Quanto aos objetos deixados no carro apreendido, a empresa informou que "a motorista pode retirá-los na sede da EMTU/SP, em Campinas. Para Oswaldo Redaelli, um dos especialistas em direito do trânsito do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a atuação do fiscal foi irregular. “Isso não se caracteriza transporte clandestino. Trata-se de uma conduta extremamente questionável e uma grande arbitrariedade por parte Poder Público.”