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Emprego tem ano perdido na RMC

A regional de Campinas do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) divulgou ontem o relatório sobre o nível de emprego em suas empresas

Francisco Lima Neto
francisco.neto@rac.com.br
23/10/2019 às 07:39.
Atualizado em 30/03/2022 às 14:19

A regional de Campinas do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) divulgou ontem o relatório sobre o nível de emprego em suas empresas associadas. Os números não são nada animadores e mostram que o ano já está praticamente perdido, com o fechamento dfe 4.150 postos de trabalho de janeiro a setembro, o que representa um aumento de mais de 230% na comparação com todo o ano de 2018, quando foram criadas 1.250 vagas. O resultado até agora é o pior desde 2009, quando as indústrias da região registraram 6.200 demissões. De acordo com José Henrique Corrêa, diretor titular em exercício do Ciesp, a crise na Argentina, que se agravou nos últimos três meses, foi responsável por quase metade das demissões (45,78%). Só em agosto, a região contabilizou a perda de 1.650 postos de trabalho. Em setembro, foram outros 250. “A Argentina é a segunda maior compradora de produtos e serviços da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Com a crise política e econômica que atingiu o país, houve uma queda imediata de consumo. As empresas aqui sofreram muito com isso. Muitas pararam de vender para o país vizinho e tiveram que demitir trabalhadores”, explicou. Segundo Corrêa, as demissões que não têm relação direta com a crise argentina foram causadas por questões de política interna e pela falta de confiança dos investidores. “Infelizmente, foi uma medida que as empresas tiveram que tomar para que pudessem sobreviver. Somando tudo, do ponto de vista do emprego, este ano já pode ser considerado perdido. Não vemos chances de uma recuperação, a não ser que aconteça algum fato novo muito significativo. Mas mesmo assim, o emprego não é algo que se retoma da noite para o dia”, afirmou. Ainda de acordo com o diretor, a retomada dos empregos no próximo ano depende da aprovação das reformas da previdência e da tributária, que ajudarão a melhorar a percepção dos empresários em relação aos investimentos. “Alguns setores terão uma retomada mais rápida, outros nem tanto. Os primeiros devem contratar quase que imediatamente. O sentimento que temos é que as vagas perdidas esse ano poderão ser recuperadas em 2020, desde que a economia atinja o nível de produção que esperamos que tenha”, disse. A recuperação da indústria regional passa também pelas eleições na Argentina. “A possibilidade de a oposição ganhar na Argentina é real, e o temor é que com isso o país caia numa crise mais aprofundada que agora. Se isso se confirmar, vamos continuar sem conseguir vender nada por lá, e a saída será buscar novos mercados. Vamos ter que usar criatividade e instinto empreendedor”, avaliou Corrêa. Setores Entre os setores que mais tiveram queda na produção este ano e que influenciaram no aumento das demissões estão os de móveis (-19,73%), artefatos de couro, calçados e artigos para viagem (-12,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-11,71%), produtos de madeira (-10,20%), metalurgia (-7,62%), equipamentos de transporte (-7,61%), produtos de metal (-4,67) e veículos e autopeças (-3,21%). O diretor do Ciesp afirmou ainda que as empresas têm recursos para investir, mas que eles estão represados por falta de segurança jurídica e constitucional. “Se o investidor não tem a segurança de que as reformas vão ser aprovadas e o governo vai continuar com os gastos públicos sob controle, pode acontecer um aumento da inflação, uma perda de valor da moeda - e o investimento efetuado acaba sem retorno, perdido”, explicou. Ele avaliou que depois que ocorrem essas definições políticas o investimento deve ser retomado. “No curto prazo, teremos grandes investimentos em infraestrutura, principalmente petróleo e gás. E isso vai beneficiar nossa região, que é uma grande produtora de equipamentos para esse segmento”, concluiu.

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