Os cerca de 5,1 milhões de estudantes que no próximo domingo farão a prova do Enem, podem se preparar para um exame sem nenhum tema polêmico
Ao contrário do ano passado, os cerca de 5,1 milhões de estudantes que no próximo domingo farão a prova do Enem 2019 em todo o País podem se preparar para um exame sem nenhum tema que possa ser classificado como polêmico. Para o professor Marcelo Pavani, diretor do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante, “ a única certeza que temos sobre a edição 2019 do Enem é que temas polêmicos não devem aparecer”, aposta ele. O professor Pavani lembra que questões como a do ano passado, que tratou do dialeto de transexuais e gays e que acabou deflagrando uma onda de protesto do público conservador, devem desaparecer. Na sua avaliação, o caráter mais tradiconal da prova, “está perfeitamente alinhado com a diretriz ideológica do atual governo”, afirma. Para Pavani, o candidato deve dominar os chamados temas clássicos. Ele faz alguns alertas aos estudantes. Diz que não é interessante que se mude a rotina nesta reta final para o exame. “As horas de estudo com as quais os estudantes estão acostumados devem ser mantidas”, adverte ele. O professor lembra ainda que é preciso manter uma alimentação balanceada, sem excessos e comidas a que o aluno não esteja acostumado, um padrão de sono adequado (8h de sono é o recomendado para a maioria das pessoas). Veja abaixo, as principais dicas do professor Pavani sobre a prova de domingo. Correio Popular - O aluno deve se preparar para questões polêmicas ou a expectativa é que esse tipo de abordagem seja preterida da prova deste ano? Marcelo Pavani - A única certeza que temos sobre a edição 2019 do Enem é que temas polêmicos não devem aparecer. Essa tem sido a orientação explícita do MEC (Ministério da Educação) e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), e é bastante provável que seja essa a diretriz seguida na elaboração da Prova. Qual sua avaliação sobre a intenção do Ministério da Educação evitar as chamadas questões polêmicas? Essa intenção está perfeitamente alinhada com a diretriz ideológica do atual governo. Dessa forma, não parece estranho, mas bastante coerente, que a prova evite questões polêmicas. É preciso que o aluno se concentre em temas clássicos, que devem aparecer tanto nas questões como na redação. O senhor poderia lembrar quais as questões — ou os temas — obrigatórios e que o estudante deve dominar? O Enem desse ano deve ser caracterizado por abordar temas clássicos. Dessa maneira, os assuntos que têm maior incidência nos vestibulares tradicionais devem aparecer com mais frequência na prova desse ano. Como deve ser a rotina do estudante a partir de agora? Dar uma lida geral nos conteúdos ou se concentrar nos pontos considerados mais críticos? A rotina não deve mudar. As horas de estudo com as quais os estudantes estão acostumados devem ser mantidas. Se o cansaço não for extremo, e o estudante sentir que há espaço para acelerar, ele deve estudar mais horas, mas sempre lembrando que o resultado que ele terá vem do trabalho acumulado ao longo dos anos, e não daquilo que ocorrerá na véspera da prova. É interessante se concentrar naqueles assuntos em que o domínio do aluno é mediano. Neles, a possibilidade de ganho expressivo de desempenho em menor tempo é maior. Há alguma dica importante que o estudante precisa ficar atento no momento da prova. Há uma série de restrições quanto ao uso de celular, por exemplo. A coisa mais importante é atentar para alimentação, sono e relógio. Manter uma alimentação balanceada, sem excessos e comidas a que o aluno não esteja acostumado, um padrão de sono adequado (8h de sono é o recomendado para a maioria das pessoas) e ficar atento ao tempo de deslocamento até o local de prova, bem como para o meio de locomoção até lá, planejar com antecedência os deslocamentos, isso é fundamental para chegar à prova com tempo suficiente para respirar, relaxar e ter o melhor resultado possível. SAIBA MAIS VEJA OS TEMAS DE REDAÇÃO DOS ÚLTIMOS 10 ANOS Enem 2009: O indivíduo frente à ética nacional Enem 2010: O trabalho na construção da dignidade humana Enem 2011: Viver em rede no século XXI: Os limites entre o público e o privado Enem 2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI Enem 2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil Enem 2014: Publicidade infantil em questão no Brasil Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira Enem 2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil e Caminhos para combater o racismo no Brasil - Neste ano houve duas aplicações do exame. Enem 2017: Desafios para formação educacional de surdos no Brasil Enem 2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet Só inscritos têm acesso aos locais de prova Por medida de segurança, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não divulga os locais de prova do Enem. Para saber para onde deve se deslocar no dia da prova, o candidato deve entrar na página oficial do Inep na internet (http://enem.inep.gov.br) e acessar a página do participante. Segundo informações do órgão, o aluno consegue saber o local de sua prova usando os dados fornecidos quando da inscrição. Para acessar o documento é necessário digitar o CPF e a senha cadastrada durante a inscrição na Página do Participante. As provas acontecem nos dias 3 e 10 de novembro, dois domingos consecutivos, em 1.727 municípios. Para esta edição, cerca de 5,1 milhões de inscrições foram confirmadas. Os portões vão abrir ao meio-dia, pelo horário oficial de Brasília, e serão fechados às 13h. Lembrando que neste ano não há Horário de Verão. O Inpe lembra que o Cartão de Confirmação é o documento que confirma a inscrição de cada candidato no Enem, e traz os detalhes sobre o local de provas. Além do nome da rua e número do edifício, o cartão também informa, por exemplo, o número da sala em que cada estudante fará o exame. “O Exame Nacional do Ensino Médio é muito importante para o jovem. É a prova mais esperada do ano para os estudantes, quando eles definem o rumo da vida adulta, vai ser a porta de entrada na universidade. Então, nosso maior desafio é garantir que a prova seja aplicada com tranquilidade, possa dar esse empurrão na vida do aluno”, disse o presidente do Inep, Alexandre Lopes. A nota do Enem é utilizada para a entrada em universidades privadas e públicas e para a obtenção de financiamentos por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (Prouni). O presidente do Inep abordou também a segurança do exame e as novidades para 2020. “As provas já estão distribuídas, estamos preparados para o Enem 2019. E para o futuro, a gente quer continuar, partindo para o Enem Digital”, garantiu. Redações de nota máxima têm pontos comuns Redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que tiraram a nota máxima têm pelo menos seis pontos em comum: demonstram domínio da modalidade escrita formal, respeitam os direitos humanos, têm proposta de intervenção para o problema apresentado no tema, têm repertório sociocultural, atendem ao tipo textual dissertativo-argumentativo e apresentam as características textuais fundamentais, como coesão e coerência. Esses foram os aspectos destacados por especialistas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que comentaram sete redações que tiraram a nota mil no Enem 2018. O tema do ano passado foi Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. As redações nota mil e os comentários dos especialistas estão na “Cartilha do Participante”, disponível no site do Inep. A prova de redação do Enem 2019 será aplicada neste domingo para cerca de 5,1 milhões de candidatos inscritos no exame. Além da redação, eles farão as provas de ciências humanas e linguagens. As demais disciplinas serão aplicadas no próximo dia 10. A cartilha traz também exemplos de trechos que fizeram com que os participantes zerassem as competências analisadas pelos corretores. Cada uma das cinco competências vale 200 pontos. Um dos quesitos é respeito aos direitos humanos. De acordo com o Inep, são consideradas desrespeito aos direitos humanos propostas que incitam as pessoas à violência. No ano passado, zeraram essa competência os textos que incitavam tortura e cárcere privado a pessoas que faziam o uso do controle de dados para a manipulação, que promoviam censura e vigilância em massa, que impediam a liberdade de acesso à informação e comunicação de qualquer pessoa ou grupo e que negavam direitos humanos a qualquer pessoa. Algumas dicas, de acordo com a cartilha, são importantes para ir bem na prova. O Inep aconselha: "Procure escrever sua redação com letra legível, para evitar dúvidas no momento da avaliação. Redação com letra ilegível poderá não ser avaliada".