Profissionais da área de saúde estão sendo obrigados a bancar a compra de máscaras para o trabalho para se protegerem do contágio do coronavírus
Profissionais da área de saúde estão sendo obrigados a bancar a compra de máscaras para o trabalho para se protegerem do contágio e da transmissão do coronavírus no atendimento a pacientes no Centro de Saúde do Jardim Paranapanema, em Campinas. A unidade suspendeu as atividades de forma parcial, ontem, por tempo indeterminado, porque a coordenação determinou — desde o início da pandemia — que a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) disponíveis no CS é restrita aos profissionais que estão na linha de frente de atendimento aos casos suspeitos de Covid-19. Por representar um risco de contágio pelaCovid-19 — tanto para os profissionais como para as pessoas que chegam ao local para atendimento — os funcionários decidiram paralisar as atividades, com apoio do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas. Luciano Robson Santos, diretor de Saúde do Sindicato, explicou que recebeu a informação dos profissionais do CS Paranapanema e foi ao local conferir a irregularidade. “É um verdadeiro absurdo limitar o uso de EPIs. É um risco enorme de contágio para todos, tanto para os profissionais como para as pessoas que vão ao Centro de Saúde para atendimento”, disse. Após reunião ontem com toda a equipe, Santos explicou que foi decidido manter apenas o atendimento nos casos suspeitos de Covid-19 com os profissionais da linha de frente no combate à doença, que estão autorizados a utilizar os EPIs. “Há um revezamento entre os profissionais para atuar na linha de frente e estes podem usar os EPIs. Porém, os demais ficam sem proteção alguma, circulando normalmente na unidade e o risco de contágio é muito alto”, disse. Segundo Santos, a coordenadora não está respeitando as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), nem o decreto da Prefeitura que recomenda o uso de máscaras em qualquer local público, principalmente nas áreas de atendimento à Saúde. “Não entendo essa proibição, pois a coordenadora que determinou isto está afastada por duas semanas, exatamente por suspeita de ter contraído a Covid-19. Ela não usava proteção e agora está com suspeita. Além disso, não sabemos se os demais profissionais foram contaminados”, afirmou. Uma das funcionárias disse que o medo de ser contaminada é permanente e que fica preocupada também com as outras pessoas que vão ao Centro de Saúde. “Eu comprei uma máscara de pano, que não é a opção recomendada para os que atuam no atendimento de Saúde. Mas foi a única forma que encontrei para me proteger um pouco e evitar que eu venha a contaminar alguém”, disse. O CS Paranapanema tem 49 funcionários e o atendimento aos pacientes com sintomas de problemas respiratórios é feito por uma equipe de cinco funcionários da linha de frente. Os casos mais severos são encaminhados para os hospitais. Muitos trabalhadores que estavam com as máscaras trouxeram de casa ou estão usando as máscaras de tecido. Segundo o Sindicato, o atendimento voltará à normalidade quando todos os profissionais tiverem à disposição os EPIs. Prefeitura A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde informou, por meio de nota, que “recomenda em todos os Centros de Saúde o uso de máscaras para os funcionários que estão em atendimento de pacientes com sintomas respiratórios, seguindo as orientações da Vigilância em Saúde e do Ministério da Saúde”. A nota diz, ainda, que existe uma triagem na porta dos CSs. “Se o paciente é sintomático respiratório, ele é triado para atendimento com equipe toda paramentada com máscara e todos os EPIs necessários. A equipe que faz a triagem na porta usa máscara e óculos”. Quanto ao quadro de saúde da coordenadora, a nota explica: “A coordenadora do CS Paranapanema apresentou sintomas de síndrome gripal no final de semana e está em quarentena em casa”. Sobre o decreto municipal, a nota informa: “De acordo com o decreto municipal é recomendado o uso de máscaras pelos usuários que frequentarem a unidade. Caso não tenham, será oferecido para aqueles que apresentarem sintomas respiratórios”.