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Importações na RMC até maio batem recorde histórico

Os R$ 39,20 bi representaram aumento de 13,48% em relação a 2024

Edimarcio A. Monteiro/[email protected]
12/06/2025 às 11:48.
Atualizado em 12/06/2025 às 13:48
As exportações da região totalizaram US$ 2,19 bilhões (R$ 12,19 bilhões) nos primeiros cinco meses de 2025 (Alessandro Torres)

As exportações da região totalizaram US$ 2,19 bilhões (R$ 12,19 bilhões) nos primeiros cinco meses de 2025 (Alessandro Torres)

O aumento da demanda interna e a elevação das exportações fizeram as importações da Região Metropolitana de Campinas (RMC) baterem recorde no acumulado dos primeiros cinco meses do ano, ao ficarem em US$ 7,04 bilhões (R$ 39,20 bilhões). A cifra representou uma alta de 13,48% em comparação aos US$ 6,2 bilhões (R$ 34,52 bilhões) do mesmo período de 2024 e superou o maior valor registrado anteriormente, US$ 6,7 bilhões (R$ 37,31 bilhões) na soma de janeiro a maio de 2022. Os dados são da Comex Stat, plataforma de balança comercial do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Já as exportações totalizaram US$ 2,19 bilhões (R$ 12,19 bilhões) nos primeiros cinco meses de 2025, aumento de 11,73% em relação ao US$ 1,96 bilhão (R$ 10,91 bilhões) de igual período do ano passado. O acumulado foi o segundo melhor resultado das vendas ao exterior das empresas da Grande Campinas em 13 anos, superado apenas pelos US$ 2,3 bilhões (R$ 12,8 bilhões) de janeiro e maio de 2023. “Esse desempenho ajuda a entender o crescimento do PIB nacional de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, puxado pela safra recorde de grãos e aceleração da demanda doméstica. A Região Metropolitana de Campinas tem uma grande produção industrial voltada tanto para o mercado interno quanto para as exportações”, explicou o economista Eduardo Bueno. 

Para ele, a tendência nos próximos meses é a balança comercial da RMC permanecer aquecida. “O mercado de trabalho segue robusto, marcado pela taxa de desemprego em patamar historicamente baixo e aumento contínuo dos salários reais”, explicou o especialista. Outras pesquisas corroboram a avaliação. Abril foi o quarto mês seguido de saldo positivo na criação de empregos na RMC, com a geração de 3.738 postos, de acordo com o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.

A região acumulou no primeiro quadrimestre deste ano a geração de 22.197 vagas de trabalho com carteira assinada. Já a pesquisa da IPC Maps sobre o potencial de consumo mostrou que o total deverá chegar a R$ 172,16 bilhões este ano, aumento de 6,54% em comparação aos R$ 161,59 bilhões de 2024. A alta será puxada principalmente pela classe média, que deverá consumir R$ 59,31 bilhões este ano, alta de 23,48% em comparação aos R$ 48,03 bilhões do ao passado, como mostrou reportagem publicada pelo Correio Popular no dia 4 de junho. A classe C, formada por famílias com renda mensal entre R$ 3,4 mil e R$ 8,1 mil, representa a maior parcela da população e a projeção é que terá uma participação de 34,45% no consumo total.

EM ALTA

Nos primeiros cinco meses do ano, a balança comercial regional registrou um déficit de de US$ 4,85 bilhões (R$ 27 bilhões), o maior da série histórica da Comex Stat iniciada em 2013. O recorde anterior foi registrado em 2022, quando atingiu US$ 4,6 bilhões (R$ 25,61 bilhões).

Uma empresa multinacional sediada em Campinas registrou em 2024 o faturamento líquido no Brasil de R$ 8,4 bilhões, com o bom desempenho continuado este ano. O país representou 77% do total de faturamento da empresa na América Latina, que atingiu R$ 10,8 bilhões. O valor refletiu um crescimento de 12% em relação ao ano anterior na região.

No montante brasileiro, 21% foram gerados a partir de exportações para os mercados da América Latina, América do Norte e Europa. “Para 2025, a expectativa é reforçar nossa posição como empresa pioneira no desenvolvimento de tecnologias para a mobilidade segura e sustentável, além de soluções para o agronegócio inteligente”, afirmou o CEO e presidente da empresa na América Latina, Gastón Diaz Perez.

De acordo com ele, a meta é dobrar o faturamento nos próximos cinco ano, principalmente em função da companhia assumir um novo negócio. Ela passou a responsável pelas operações de desenvolvimento e manufatura de tecnologias de agricultura inteligente para o grupo em todo o mundo, com foco em soluções de plantio, fertilização e pulverização por meio de automatização e digitalização. Para isso, ela criou um novo centro de desenvolvimento voltado ao agronegócio em Campinas. “Estabelecer o Centro de Competência Global no Brasil traz ainda mais oportunidades de desenvolvimento tecnológico para o país e expansão de capacidade produtiva”, afirmou o CEO.

O MÊS

O resultado de 2025 da balança comercial na RMC foi atingido após as empresas regionais terem registrado importações de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,35 bilhões) em maio, segundo a plataforma do MDIC. O valor representou um aumento de 11,94% em comparação ao US$ 1,34 bilhão (R$ 7,46 bilhões) da igual período do ano passado. As exportações ficaram em US$ 461,54 milhões (R$ 2,57 bilhões), o terceiro melhor desempenho para o mês da série histórica. As vendas ao exterior tiveram um aumento de 10,04% em relação aos R$ 419,44 milhões (R$ 2,33 bilhões) de 2024. Elas foram inferiores apenas aos US$ 525,16 (R$ 2,92 bilhões) de 2022 e aos R$ 523,89 milhões (R$ 2,91 bilhões) de 2023.

Com isso, a balança comercial da RMC teve o saldo negativo de US$ 1,04 bilhão (R$ 5,79 bilhões) no mês passado. Foi o segundo maior valor para meio da série histórica, A liderança é do déficit de US$ 1,06 bilhão (R$ 5,9 bilhões) de 2022. “No que diz respeito ao setor externo, as importações continuam pressionando a conta corrente”, avaliou Eduardo Bueno.

De acordo com a Comex Stat, 43% das exportações realizadas pelas empresas da Região Metropolitana foram de produtos de alta complexidade, com alto valor agregado. Os de médiaalta complexidade tiveram participação de 29%, enquanto os de baixa e médiabaixa ficaram em 28%. Os principais produtos exportados foram medicamentos, máquinas para a construção civil, automóveis, óleos refinados de petróleo e pneus.

Em maio, as importações da Grande Campinas somaram 81% de produtos de alta e média-alta complexidades, enquanto as de baixa e média-baixa ficaram em 9%.Os produtos mais adquiridos no exterior foram pesticidas e afins, compostos heterocíclicos com nitrogênio, circuitos integrados, equipamentos para redes e telefonia e vacinas, soros e produtos imunológicos. “Muitos desses produtos são insumos para produtos fabricados na região”, explicou o economista.

Nos últimos 12 meses, a Argentina foi o principal destino das exportações regionais, com participação de 18% do total. Os Estados Unidos apareceram em segundo lugar, com 16,5%, com a Alemanha ficando em terceiro lugar (6,9%), seguida pelo México (6,5%) e Chile (5,2%). A China foi a origem da maioria das importações, com participação de 26,1% do total, vindo depois os Estados Unidos (15,3%), Alemanha (6,7%), Índia (5,7%) e Coreia do Sul (4%).

De acordo com a Comex Stat, Campinas foi a cidade da RMC com maior participação nas exportações, 20% do total. A segunda colocação foi ocupada por Paulínia (15,8%) e depois aparecem Indaiatuba (14,9%), Americana (9,1%) e Vinhedo (8,2%). As cidades que mais importaram foram Paulínia (30,8%), Campinas (20,4%), Indaiatuba (9,1%), Vinhedo (7,5%) e Sumaré (5,3%).

No Estado de São Paulo, as exportações do agronegócio a representaram 40,7% do total, enquanto as importações do setor corresponderam a 6,9% do total estadual. Os produtos mais exportador pelo setor foram açúcar, etanol, carnes, sucos e produtos florestais. 

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