SEM TETO

Invasores desocupam prédio no Centro

PM retira cerca de 58 famílias de prédio ocupado em junho deste ano no Centro de Campinas

Alenita Ramirez
18/09/2019 às 08:36.
Atualizado em 30/03/2022 às 15:48

Polícia Militar (PM) cumpriu na manhã de ontem, mandado de reintegração de posse de um prédio localizado na Rua Irmã Serafina, em frente à Praça Carlos Gomes, no Centro de Campinas. Para retirar cerca de 58 famílias, segundo a PM, com segurança foi necessário fechar a pista interna da via na altura da Rua Conceição, refletindo em todo o trânsito da região central. O Corpo de Bombeiros e os funcionários da CPFL Paulista foram acionados para apoiarem a operação, já que havia ligação clandestina no prédio, além de não haver elevadores. A liberação do local aconteceu por volta das 14h30. Não houve confrontos nem resistência segundo a PM e os próprios sem tetos. "Vim para esse local porque não tinha onde morar. Tinha esperança de ficar aqui e ter meu cantinho. Agora não sei o que fazer. Vou subir para o começo da 13 de Maio ou então no Centro, e ficar lá”, disse uma das invasoras, que estava entre as primeiras a deixar o prédio e acabou de acompanhar a operação, de um banco na Praça Carlos Gomes. O prédio é de um grupo de condôminos e possui 18 andares, sendo 12 de alas residenciais e seis de estacionamentos. Os sem tetos ocuparam o local na madrugada do dia 21 de junho, alegando que a área estava abandonada. No entanto, um dos donos, o empresário Salim Jorge, contestou e alegou que a ala de estacionamento era alugada e um dos andares funcionava o seu escritório que também foi tomado pelo grupo de sem tetos. “No começo disseram que eram 20 famílias, depois foi aumentando. Logo que tomamos conhecimento da invasão, registramos boletim de ocorrência de dois dias depois, entramos com ação de reintegração, que logo foi concedida”, disse o empresário. A reintegração foi concedida sete dias após a ocupação e desde então, segundo o capitão da PM, Rafael Cambui, era negociada a saída das famílias, sem a interferência da polícia. “Algumas famílias saíram voluntariamente, mas muitas ficaram. Não houve resistência. Montamos uma operação para acompanhar os oficiais de Justiça e também para darmos segurança aos moradores, já que se trata de uma obra inacabada, sem elevador, sem janelas, com buracos entre um andar e outro”, falou o capitão. Levantamento da PM revela que o prédio era ocupado por cerca de 70 famílias, sendo que ao menos 58 continuava no local. Segundo a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), os agentes de mobilidade urbana chegaram no local por volta das 2h30. A chegada da PM foi por volta das 6h. Ao menos 16 oficiais da Justiça foram envolvidos na operação, que também contou com a participação de diversas Secretarias municipais. A Guarda Municipal (GM) fez patrulhamento no Largo do Rosário para evitar que os invasores fizessem protesto. O grupo empresarial cedeu caminhões para o transporte dos pertences das famílias. Móveis e eletrodoméstico, por exemplo, seriam levados para um barracão cedido pela Prefeitura até que as famílias arranjassem locais para morarem. Muitas optaram por irem para casa de familiares. Outras alegaram que ficariam na rua, já que não tinham para onde ir. Trânsito nas vias do entorno fica travado pela operação Apesar de a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) informar que houve 1,2 km de lentidão, o reflexo chegou na Avenida Prestes Maia, no sentido Centro. O motorista que estava na Avenida Prefeito Faria Lima e precisava acessa a Prestes Maia, ficou parado por mais de meia hora no trânsito. A Assistente financeira, Rosângela Araújo, de 47 anos, chega no trabalho por volta das 7h, mas ontem chegou meia hora atrasada. “Embarquei em um ônibus na Vila Pompeia, que seguiu a Av. das Amoreiras e entrou na Prefeito Faria Lima, que estava totalmente parada. Levamos meia hora para sair dela”, contou Rosângela. A partir do Viaduto Vicente Cury, no sentido Nova Campinas, também houve congestionamento. Segundo a Emdec, a lentidão no trânsito foi no quadrilátero da Irmã Serafina e houve momento que foi necessário bloquear algumas vias nas proximidades do prédio. Além da Emdec, a operação envolveu também o Conselho Tutelar, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Habitação, Assistência Social, Serviços Públicos, e Bem-Estar Social. Em nota, a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) informou que foi notificada da ocupação acionou os proprietários. Na época, eram 36 famílias e ontem havia apenas 15. “Chegamos a intermediar esta solicitação junto à Sanasa mas o pedido de reintegração de posse inviabilizou este pedido dos ocupantes”, disse o coordenador especial da Habitação Popular, Edison Cunha. 

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