O prefeito Jonas Donizette (PSB) defende que o governador João Doria (PSDB) dê mais independência e poder de decisão aos prefeitos
O prefeito Jonas Donizette (PSB) defende que o governador João Doria (PSDB) dê mais independência e poder de decisão aos prefeitos na flexibilização da quarentena imposta pela Covid-19 e que anuncie, amanhã, regras diferenciadas de retomada das atividades nos municípios paulistas, levando em consideração o contexto de cada cidade. Para ele, uma regra geral para todos seria injusta. Em entrevista à Folha, Jonas disse que o governador precisa ter mais empatia com a população que está sofrendo. Doria afirmou, sem se dirigir diretamente a Jonas, que não está preocupado com empatia ou simpatia, mas com vidas. “Não tenho preocupação de ordem política, eleitoral e com imagem pública. Estou preocupado com a proteção da vida e de 46 milhões de brasileiros que residem em São Paulo”, afirmou. Ele disse que tem havido manifestações políticas inadequadas e que não é momento de vontades políticas. “Agora é momento de estarmos concentrados na defesa e manutenção da vida, não é de comício em cemitérios”. O vírus não escolha sexo, cor, idade ou partido”, disse. No final da tarde de ontem, o prefeito disse que sua relação com o governador é a mesma de antes, de trabalho conjunto, e reforçou que os prefeitos querem tratamento diferenciado entre as regiões mais afetadas pelo novo coronavírus e as menos afetadas nas definições do afrouxamento da quarentena. Na terça-feira, Jonas afirmou que o critério de impedir a flexibilização nas cidades com isolamento social abaixo de 50% não é bom. “As cidades com maiores taxas de isolamento são, em grande parte, municípios que não possuem indústria, como as cidades litorâneas de Ubatuba, São Sebastião”, disse. O prefeito afirmou que se o plano de flexibilização da quarentena não der certo, ele não terá problema em dar um passo atrás e suspender o funcionamento das atividades. “Fizemos um plano levando em consideração critérios técnicos, mantendo a recomendação de isolamento social, como fizeram alguns países que estão retomando as atividades”, disse. A proposta flexibilização apresentada, disse, está diretamente ligada à capacidade instalada na rede de saúde para atender à demanda que possa surgir. “É um plano para flexibilizar com segurança”, disse. A realidade de Campinas hoje, segundo ele, é diferente da Capital e da Grande São Paulo, que tem grande número de casos e já enfrenta problemas no atendimento das vítimas do novo coronavírus. O plano de Campinas foi aprovado pelo governo do Estado e ficou na dependência da data em que começaria a ser posto em prática. Há expectativa de que amanhã Doria anuncie o início da flexibilização, mas o critério que vem sendo falado por ele é que cidades com isolamento abaixo de 50% estarão foram da autorização para flexibilizar a quarentena. Ontem, o governador voltou a afirmar que a flexibilização não será adotada em nenhuma cidade do Estado se a média de isolamento social não ficar entre 50% e 60%. Na terça-feira, a média estadual foi de 47%, como na segunda-feira. Plano municipal prevê fim do isolamento em 42 dias O plano municipal prevê a saída total da quarentena dentro de 42 dias, a partir de seu início. Ele tem três fases, com duração de duas semanas cada um e com pressupostos a serem atingidos para a mudança de fase ser autorizada. A primeira fase começa com a abertura do setor varejista, com funcionários trabalhando por turnos, controle de entrada e saída de clientes e a manutenção de distanciamento entre clientes em funcionários. Podem abrir as academias de ginástica, de pilates, mas com atendimento individual e limpeza de equipamentos. Salões de beleza, barbeiros, tatuagem podem funcionar em atendimento domiciliar ou nos salões, com hora marcada. Escritórios de profissionais liberais, igrejas, restaurantes, mas com 30% da capacidade. Na fase 2, os shoppings estarão autorizados a abrir com 50% da capacidade, enquanto o setor de alimentação da cidade, incluindo shoppings, poderá aumentar o atendimento a 50% da capacidade. Nessa fase, as igrejas podem atender com 50% da capacidade, os espaços municipais com 30% e cinemas, estádios e teatro, com 30% da capacidade e uso obrigatório de máscaras. As cirurgias eletivas serão retomadas e as escolas e creches voltam a funcionar — as regras serão definidas. A terceira fase começará se a ocupação do atendimento hospitalar estiver controlada e houver testagem robusta. Poderão abrir escolas de esportes, clubes, academias, escritórios com uso obrigatório de máscara. Restaurantes e padarias voltam ao funcionamento normal e bares e casas noturnas ficam obrigados a uma ocupação de 50%. As igrejas deverão manter atendimento a 50% da capacidade. Visita a casas de idosos estarão liberadas, mas com uso obrigatório de máscaras.