segundo o Infosiga-SP

Junho foi o mês mais letal em acidentes de trânsito este ano em Campinas

Foi registrada alta de 50% nas ocorrências sem vítimas fatais em relação a janeiro

Isadora Stentzler/ [email protected]
21/07/2022 às 09:02.
Atualizado em 21/07/2022 às 09:02
A maioria das vítimas fatais de acidentes de trânsito no município — 36,1% — era motociclista, outras 34,7%, pedestres, enquanto 1,3% estava em caminhões (Ricardo Lima)

A maioria das vítimas fatais de acidentes de trânsito no município — 36,1% — era motociclista, outras 34,7%, pedestres, enquanto 1,3% estava em caminhões (Ricardo Lima)

O mês de junho de 2022 registrou 17 mortes por acidente no trânsito em Campinas, segundo dados do Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito de São Paulo (Infosiga - SP). O indicador mostra que este foi o mês mais letal do ano e é o junho com mais mortes desde 2015, quando o sistema passou a analisar esses dados. Em relação ao semestre, os primeiros seis meses deste ano registraram 72 óbitos, sendo o terceiro semestre mais letal na série histórica. Já o número de acidentes não fatais cresceu 50% em junho em comparação a janeiro .

O Infosiga disponibiliza dados de acidentes no trânsito com base nos levantamentos feitos pelas Polícias Civil, Militar, Militar Rodoviária e Rodoviária Federal. Na série histórica, o mês de junho deste ano somou 17 óbitos (o equivalente a 23,6% de todos os óbitos do semestre), sendo o maior indicador para o mês desde ano de 2015. Naquele ano, foram 11 óbitos registrados em acidentes no trânsito no mês de junho. No ano seguinte, 2016, este indicador subiu para 13 óbitos para o mesmo mês analisado. 

Nos primeiros seis meses deste ano, Campinas teve 72 óbitos, 12,5% casos a mais que o registrado no mesmo período de 2021. Na série histórica, os primeiros seis meses deste ano foram o terceiro mais letal. O primeiro, no período analisado, foi 2015, quando 96 pessoas morreram em decorrência de acidentes no trânsito nos primeiros seis meses do ano, seguido pelo ano de 2016, quando foram 90 óbitos. 

Perfil dos óbitos 

Nos casos registrados este ano, a maioria das vítimas — 36,1% — eram motociclistas. Outras 34,7%, pedestres, 19,4% estavam em automóveis, 4,1% em bicicletas, 1,3% em caminhão e 4,1% estavam em outros meios de locomoção. 

A maioria das vítimas, 83,3%, eram homens. Em relação ao tipo de acidente que levou à morte, 41,6% foram por atropelamento, outros 25% por choque e 19,4% por colisão. 

O maior percentual de vítimas, 59,7%, morreu no próprio local do acidente. Somando com as vítimas que foram atendidas, o indicador revela que 87,5% de todas elas morreram no mesmo dia do acidente. 

Acidentes não fatais 

O número de acidentes de trânsito não fatais no primeiro semestre de 2022 é o maior em comparação ao mesmo período dos dois anos anteriores. De acordo com dados do Infosiga, foram 1.934 acidentes este ano contra 1.869 em 2021 e 1.788 em 2020. 

No mês de junho deste ano, foram 367 casos — alta de 50% em relação aos 242 acidentes sem vítimas fatais registrados em janeiro.

Nessa soma, não estão incluídos os acidentes com vítimas fatais. 

Necessidade de investimentos 

Segundo o mestre em transportes e professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Creso de Franco Peixoto, o aumento de acidentes de trânsito requer do poder público avaliação nos indicadores para reverter esses índices.

“Não há ações educativas consideráveis que tenham efetivamente mudado o comportamento do motorista campineiro. A diferença é devido, provavelmente, a uma questão randômica, ou seja, uma variação para a qual não há uma explicação científica. É uma oscilação natural. Por outro lado, isso exige que o poder público se debruce sobre o problema para que nós, efetivamente, tenhamos redução e, se possível, a eliminação de mortes no trânsito”, avalia. 

Entre as soluções apontadas pelo professor estão a educação para o trânsito e o investimento em sinalização e engenharia de tráfego, que conta com recursos já determinados pelo artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro. 

O advogado e especialista em trânsito e mobilidade urbana, Renato Campestrini, destaca ainda que a legislação tem se tornado mais tolerante e que, na contramão da segurança no trânsito, está havendo um afrouxamento de medidas, o que propicia esse cenário. 

“O aumento dos casos de sinistros de trânsito era algo esperado após as alterações pelas quais o Código de Trânsito Brasileiro passou. A legislação ficou mais tolerante com aqueles que desrespeitam as regras e, somado a isso, temos um aumento no número de pessoas que se deslocam com meios de transporte individuais, com receio de contaminação no transporte coletivo”, aponta.

“Entendemos que levar a informação, a conscientização às pessoas, é algo muito importante. É preciso que os efeitos nocivos do trânsito entrem na pauta de discussão, das falas dos nossos governantes, e que não sejam fechados os olhos para esse tema que causa tanto impacto para a saúde pública e para a vida de tantas famílias”, frisa.

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