feminicídio

Morre mulher queimada por caseiro

A ex-moradora de rua e ativista Shriley Maria Pereira, de 49 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no começo da manhã desta terça-feira (3)

Alenita Ramirez
03/03/2020 às 10:30.
Atualizado em 29/03/2022 às 19:32

A ex-moradora de rua e ativista Shriley Maria Pereira, de 49 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu no começo da manhã desta terça-feira (3). Ela estava internada desde domingo a noite, em estado grave, no Hospital Augusto de Oliveira Camargo (HAOC), em Indaiatuba, após ter 98% do corpo queimado, supostamente pelo marido, o caseiro Ioneto de Moura Silva, de 49 anos, que foi preso em flagrante, por tentativa de feminicídio. O corpo de Shirley será encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Campinas, nos Amarais, e após a liberação será enviado para o Cemitério Saudade São Miguel, no bairro São Miguel, na Zona Leste de São Paulo. Segundo a funerária Candelária, de Indaiatuba, como a liberação deve ocorrer só no final do dia, o velório e o enterro ainda não têm horário definidos. Shriley ficou conhecida no Brasil há cerca de dois anos pelo exemplo de volta por cima. Dependente de crack e álcool, há quatro anos ela decidiu deixar as drogas por amor a uma cachorrinha deficiente, maltratada e condenada à morte que ela encontrou nas ruas de São Paulo, quando estava sob o efeito dos entorpecentes. Para impedir que tirassem o animal das mãos dela, Shirley parou de usar as drogas para se dedicar a Vitória – nome que foi dado por ela a cachorra em homenagem a feirinha de doação, onde os organizadores queriam sacrificar o animal. Depois de vitória, vieram ao menos oito cachorros que a acompanhavam diariamente. A ex-moradora de rua foi queimada pelo marido após uma discussão que começou em uma festa de casamento na chácara onde eram caseiros. O casal participava do evento que teve início no sábado. Segundo convidados e vizinhos, ele ingeriu muita bebida e passou a fazer escândalos no local. Para impedi-lo de promover alguma briga, Shirley levou o marido para casa, momento que ocorreu a tragédia. Não houve testemunhas da ação, mas os convidados da festa e o noivo viram apenas fumaça e quando chegaram no local depararam com a vítima tentando apagar as chamas. Ioneto alegou que o combustível espirrou em Shirley, que fumaça um cigarro e que foi acidente. No entanto, conhecidos garantem que há um histórico de violência dele contra a vítima, que era muito querida pela vizinhança. O casal foi tirado das ruas por um homem morador de São Paulo, que é dono da chácara, há oito meses. Até então, Shirlei vendia livros usados e doados nas ruas de Moema, para sustentar os cachorros.

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