Inquérito será aberto para apurar supostas intimidações a candidatos da cidade por criminosos
O delegado-chefe da PF na cidade, Edson Geraldo de Souza, informou que tem até 30 dias para instaurar o inquérito e outros 30 para concluí-lo (Cedoc/RAC)
A Polícia Federal de Campinas confirmou, ontem, que vai instaurar inquérito para continuar a investigação iniciada no fim de outubro, pela Polícia Civil, acerca de um conluio entre políticos e criminosos — entre eles, possivelmente membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) — para ameaçar cabos eleitorais, candidatos e eleitores em bairros periféricos da cidade. A requisição foi feita pela Justiça Eleitoral na última segunda-feira. No último dia 29, ou seja, 10 dias antes da solicitação, o órgão recebeu um relatório da Polícia Civil informando que candidatos de ao menos três partidos — Partido Liberal (PL), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Partido Social Liberal (PSL) — foram intimidados por traficantes de drogas. O delegado-chefe da PF na cidade, Edson Geraldo de Souza, disse que tem até 30 dias para instaurar o inquérito e outros 30 para concluí-lo. Apesar da votação ser neste domingo, garante que a investigação seguirá seu curso normal. Acrescentou que existem outras apurações a respeito de crimes eleitorais em andamento na cidade. “Será tratado com prioridade. Mas, a partir de agora, se trata de investigação em andamento e a Polícia Federal não se manifesta sobre isso”, encerrou. As apurações sobre um suposto esquema para interferir no processo eleitoral de Campinas começaram no fim do mês passado, quando alguns candidatos procuraram as autoridades e relataram problemas nos distritos do Campo Grande e Ouro Verde, na região do Campo Belo, e nos bairros Jardim Itatinga, Jardim São Fernando, Jardim São Marcos e na comunidade Vila Paula, que fica no bairro San Martin. Na época, o delegado da 1ª Delegacia Seccional, Nestor Sampaio Penteado Filho, disse que denúncias feitas por moradores das áreas mencionadas corroboraram que pessoas ligadas ao crime proibiram as passeatas, aparições nas feiras livres, pequenos comícios e outras atividades. O aviso dos criminosos era que qualquer um que acompanhasse ou propagasse a campanha do candidato que não está alinhado com eles, seria vítima de violência física ou morto. Com as informações recebidas, a Polícia Civil conseguiu identificar parcialmente alguns autores. No dia em que foi realizada a primeira operação in loco em alguns dos bairros mencionados, entretanto, o diretor do Departamento de Polícia Judiciária Interior 2 (Deinter-2), José Henrique Ventura, determinou a paralisação dos trabalhos. Na oportunidade, Ventura esclareceu que, por resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), todo crime eleitoral deve ser investigado pela PF nas localidades em que ela estiver instalada, como é o caso de Campinas. Nesse contexto, comentou na ocasião, a Polícia Civil tem atuação complementar. Então, um dossiê foi entregue a Justiça Eleitoral. Sem saber qual seria a deliberação do órgão, colocou a corporação à disposição para continuar com os procedimentos, caso assim determinasse o juiz da 33ª Zona Eleitoral de Campinas, considerada zona-mãe do município.