Pizza teria motivado morte de médico

A discussão que resultou na morte do neurocirurgião Mário Sérgio da Silva, de 51 anos, foi originada por uma reclamação feita por ele quanto ao preço de uma pizza. O médico teria destratado uma balconista do caixa da padaria Pão do Cambuí na noite da última terça-feira, defendida pelo empresário que o atropelou e matou. A informação é do delegado titular do 13º Distrito Policial, José Roberto Rocha Soares, responsável pelo caso. Com base nos depoimentos já colhidos e imagens do circuito interno de segurança do estabelecimento, localizado na Rua Emílio Ribas, onde o crime aconteceu, Soares informou que Odair Fernando Dimas de Barros, de 64 anos, tentou apaziguar o problema, acalmando o médico que estava transtornado. Naquele momento, Silva se revoltou e passou a ofendê-lo. De acordo com o delegado, Barros queria evitar uma briga. O empresário chegou a permanecer no interior da padaria por alguns minutos, aguardando que o neurocirurgião fosse embora, depois que ele foi retirado do lugar por um vigilante. Naquele período, acrescentou, houve troca de juras entre os dois. Pouco tempo depois, Silva foi parcialmente controlado e Barros conseguiu se deslocar até o seu carro. Contudo, quando passava por uma rotatória em frente à padaria, foi surpreendido pelo médico, que se projetou em frente ao seu veículo, uma caminhonete S10. O neurocirurgião pulou sobre o capô e escorregou, caindo em frente ao automóvel. Segundo o delegado, Barros alegou que não percebeu isso. Em seguida, acabou atropelando e matando imediatamente Silva, que teve a traqueia esmagada por uma roda dianteira do veículo. Rocha disse que, pelo apurado, Barros não estava em alta velocidade. “Tem um sinal de pare ali”, comentou. Porém, errou ao fugir do local sem prestar socorro, circunstância que o prejudica criminalmente. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas os socorristas nada puderam fazer. Para o delegado, a discussão foi “banal”. Apesar do autor e da vítima residirem no Cambuí, Soares descarta, incialmente, que ambos tivessem algum histórico de problema anterior ao fato da noite da última terça-feira. “Já recebi o resultado do teste do exame e o condutor não estava embriagado”, informou. Outras análises serão entregues ao delegado em breve. Um pendrive com imagens relacionados a ocorrência foi enviado pelo delegado ao Instituto de Criminalística (IC). A ideia é ouvir outras testemunhas na próxima semana. Devido a repercussão do caso, Soares vai pedir agilidade nos procedimentos. Barros foi preso ainda na noite de terça-feira. Após consultar a placa, informada pelo vigilante da padaria, a Polícia Militar (PM) constatou que o automóvel do autor está cadastrado na cidade de Indaiatuba, no nome da mãe de um sócio. Questionado pelas autoridades, o mesmo informou o endereço do empresário, que foi preso em flagrante em sua residência, na Rua Santo Antônio. O crime foi registrado como homicídio no plantão do 1º DP, no Centro. Durante a madrugada de anteontem, Odair Fernando Dimas de Barros foi conduzido para a cadeia anexa ao 2º DP, no bairro São Bernardo. Pela manhã de quarta-feira, passou por audiência de custódia na Cidade Judiciária, onde teve sua prisão preventiva decretada. Em seguida, foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Hortolândia, onde permanece à disposição da Justiça. Mário Sérgio da Silva foi sepultado as 17h de ontem, no Cemitério Municipal de Palestina, sua cidade natal, próxima a São José do Rio Preto, a mais de 400 km de distância de Campinas. Nas redes sociais, familiares e amigos lamentaram a perda. Ontem pela manhã, o Correio esteve na residência de Odair Fernando Dimas de Barros, mas não foi atendido ou procurado posteriormente por um representante legal.