Ao menos um homem foi preso em Campinas pela Polícia Civil; a ação ainda está em andamento e são cumpridos 29 mandados de busca na região do Deinter-2
A operação ainda está em andamento e são cumpridos 29 mandados de busca e apreensão nas cinco seccionais que abrangem o Deinter 2 (Wagner Souza/AAN)
A Polícia Civil de São Paulo desarticulou ontem uma quadrilha suspeita de envolvimento com o tráfico e exploração sexual de crianças, que agia na deep web, o submundo da internet. O chefe do esquema, um técnico em informática de 43 anos, foi preso em São José do Rio Preto. Em Campinas, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, com a prisão em flagrante de um homem de 21 anos, na área de abrangência do 6º Distrito Policial (DP), no Jardim Novo Campos Eliseos. Denominada Black Dolphin, uma referência à prisão russa considerada uma das mais temidas do mundo, a operação foi realizada em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Ao menos 222 mandados de busca, apreensão e prisão foram expedidos pela Justiça. Até a tarde de ontem, 53 pessoas tinham sido presas em diversas cidades brasileiras, algumas delas em flagrante. Na área de abrangência do Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior 2 (Deinter), foram cumpridos um total de 20 mandados — Campinas (6); Indaiatuba (3); Atibaia (1); Jarinu (1); Jundiaí (3); Valinhos (3); Cabreúva (1); Mogi Mirim (1) e Vinhedo (1) —, com a apreensão de diversos equipamentos e vasto material, tais como computadores, telefones celulares e arquivos digitais, como pendrives e mídias, que veinculam a pornografia infantil. Em Valinhos, um homem também foi preso em flagrante com anabolizantes. "O compartilhamento e a distribuição de conteúdo é crime grave. Mais grave que o armazenamento", disse o diretor do Deinter 2, José Henrique Ventura. A ação foi comandada pelo Deinter-5, em São José do Rio Preto. Ao todo, 1.170 policiais foram envolvidos, com 302 viaturas em 85 municípios. No Deinter 2, ao menos 80 policiais civis e 26 viaturas foram empregadas na ação. Na região do Deinter-9, com sede em Piracicaba, os mandados foram cumpridos nas cidades de Nova Odessa, Hortolândia, Monte Mor, Americana, Piracicaba, Rio Claro, Casa Branca, Brotas e Pirassununga. Os materiais apreendidos serão encaminhados para as delegacias de cada área e depois serão transferidos para o Deinter-5, de onde partiu a investigação. As investigações sobre o crime começaram em 2018, quando os policiais descobriram um homem que pretendia vender a sobrinha para criminosos na Rússia. O plano dele, segundo as apurações, era levar a criança para a Disney da Europa e entregá-la aos criminosos, alegando que ela teria desaparecido no parque. A Polícia Federal de São Paulo também atua no caso. A partir desse suspeito, os policiais começaram a monitorar a deep web e descobriram uma rede de criminosos sexuais, principalmente infanto-juvenis, que produzem, vendem e compram vídeos de crianças em situações de vulnerabilidade. Foram monitoradas 10 mil contas de e-mails, cinco redes de armazenamento de nuvem, 20 comunidades de conversas on-line e um mil nicknames catalogados durante a investigação. No ano passado, os policiais apuraram que um dos chefes da organização dizia que as leis brasileiras são "ridículas" e que apenas a "Black Dolphin" poderia detê-los, como de fato ocorreu já que o técnico em informática detido pagou fiança de R$ 5 mil e foi liberado para responder ao crime em liberdade. Na casa dele, os policiais apreenderam 200 mil arquivos contendo pornografia infantil.