trabalho

RMC perde quase 35 mil postos no 1° semestre

Em Campinas foram registradas perto de 16 mil demissões

Gilson Rei
30/07/2020 às 07:51.
Atualizado em 28/03/2022 às 20:16
Campinas responde por 45% de todas as vagas de emprego fechadas na região no primeiro semestre do ano (Matheus Pereira/AAN)

Campinas responde por 45% de todas as vagas de emprego fechadas na região no primeiro semestre do ano (Matheus Pereira/AAN)

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) perdeu 34.945 postos de trabalho no primeiro semestre de 2020. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Comercial e Industrial de Campinas (Acic), a partir do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No município de Campinas foram 15.894 demissões no período, montante equivalente a 45% do total da região. Segundo a Acic, a taxa de desemprego deverá ultrapassar os 12,9% nos próximos 30 dias. Apenas em junho, foram eliminados 2.325 postos de trabalho com carteira assinada nos 20 municípios da RMC. Em Campinas, no mesmo mês, foram 1.395 vagas fechadas. "Destaca-se que a maioria dos postos de trabalho eliminados foi no setor de serviços, seguido pelo setor do comércio e, por fim, pela indústria. Os atuais números continuam preocupantes, com uma forte tendência para as demissões, o que contribui para a elevada taxa de desemprego, que deve chegar acima de 12,9% na RMC", avaliou Laerte Martins, economista da Acic. No Brasil foram eliminados 10.984 postos de trabalho em junho. De janeiro a junho, o total foi de 1 milhão e 156 mil vagas de trabalho fechadas. Ontem, o metalúrgico Madson de Oliveira passou pelo Centro de Campinas em busca de oportunidades. Oliveira está sem emprego desde janeiro e procura constantemente vagas por meio de sites, agências de emprego e no Centro Público de Apoio ao Trabalhador (Cepat). "Tá difícil. Mesmo com a experiência de mais de dez anos, muitas empresas dizem que não vão contratar neste momento. Muitas estão até fechando as portas e não há perspectiva de quando vão retomar", lamentou. Alimentação fora do lar O setor de alimentação fora do lar chegou a 22 mil demissões na RMC, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes da RMC (Abrasel RMC). Uma pesquisa realizada pela entidade junto aos associados, no período de 7 a 13 de julho, mostrou que o setor continua sendo fortemente impactado pela suspensão do atendimento presencial desde março, por conta da pandemia. De acordo com a pesquisa, o número de pessoas demitidas pelo setor representa 36,8% dos postos de trabalho na região. Para os empresários, esse percentual deverá continuar aumentando nas próximas semanas, passando para 50,4% (cerca de 30 mil, dos quais 15 mil só na cidade de Campinas), caso os estabelecimentos tenham de continuar fechados. Sem vendas, caixa e financiamento bancário, os bares e restaurantes, responsáveis por 35% do Produto Interno Bruto (PIB) regional da área de turismo, ampliaram também o número de estabelecimentos com operações encerradas, saltando de 2,4 mil locais para 4,5 mil comércios encerrados. Matheus Mason, presidente da Abrasel RMC, destacou a urgência da reabertura dos estabelecimentos, como já vem ocorrendo em grande parte do Brasil e no Estado de São Paulo, de forma criteriosa e com maior período de atendimento ao público, para evitar aglomerações. Indústria registra 32% de aumento de desligamentos Mesmo sem ter o número exato de desemprego, o setor industrial informou que houve aumento em 32% nas demissões nos cinco primeiros meses deste ano. Mais de 80% das indústrias confirmaram que demitiram funcionários e sofrem prejuízos. O último levantamento do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Campinas, divulgado neste mês, informou que 398 das 494 empresas associadas à entidade estão sofrendo os efeitos negativos da pandemia da Covid-19, com desemprego e quedas nas vendas. Os dados apontam ainda que 61% dos empresários já tiveram problemas com cancelamento ou suspensão de pedidos e que 32% tiveram aumento na inadimplência. Dentre os segmentos industriais mais afetados está o têxtil. José Nunes Filho, diretor do Ciesp-Campinas, comentou que o governo federal não tem detalhado os números do desemprego por município ou região e que a falta desses dados prejudica o melhor direcionamento das políticas e ações da instituição. Nunes destacou que as indústrias enfrentam dificuldades em honrar os pagamentos de rotina. Denunciam também queda na demanda, redução da oferta de capital de giro no sistema financeiro e dificuldade em conseguir insumos e matéria-prima.

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