Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento, considerado o Oscar do setor, é mais um entregue à empresa de Campinas em 2024
Campinas possui cerca de 300 mil ligações de água, atendidas por uma rede de distribuição formada por 3,8 mil quilômetros de tubulações, extensão equivalente à distância entre Campinas e Manaus, capital do Amazonas (Rodrigo Zanotto)
A Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa) conquistou o troféu Quíron ESG Ouro Nível II da categoria "As Melhores Empresas em Gestão no Saneamento Ambiental (AMEGSA)", Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS) 2024, considerado o Oscar do setor. Esse é o segundo prêmio importante recebido em 2024 pela empresa de economia mista responsável pelo fornecimento de água e tratamento de esgoto de 1,13 milhão de habitantes de Campinas. Em março, ela ficou em 1º lugar entre os municípios brasileiros com mais de 500 mil habitantes em premiação do Instituto Trata Brasil. Na ocasião, a Sanasa atingiu pontuação máxima em nível de atendimento, melhoria do atendimento e nível de eficiência.
O anúncio da nova premiação foi feito ontem pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) e pelo presidente da Sanasa, Manuelito Magalhães Júnior, no mesmo dia em que divulgaram que a empresa atingiu a marca de 460 quilômetros de troca de rede, iniciativa que pretende reduzir ainda mais as perdas de água.
“A premiação não é só para a Sanasa, é Campinas que ganha”, destacou o prefeito. Os troféus pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido foram concedidos no ano em que a empresa completou 50 anos, no dia 28 de agosto, atendendo 99,84% da população urbana de Campinas com água tratada; 96,42% com coleta e afastamento de esgoto e 94,04% com tratamento.
O troféu Quíron faz parte do Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS) 2024, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). Essa é a única premiação do setor em gestão de saneamento ambiental no mundo e uma referência de credibilidade no mercado. A AMEGSA é a principal categoria do PNQS, dedicado aos operadores diretos e indiretos do setor. O prêmio nível II conquistado pela Sanasa foi pelo critério "rumo à excelência em governança ambiental, social e corporativa", conhecida pela sigla em inglês ESG. O processo de avaliação é realizado por uma banca examinadora independente formada por examinadores voluntários, especialistas em gestão e juízes, também voluntários, treinados.
RESULTADO
“Esse salto é resultado do engajamento das lideranças, dos potenciais líderes e das equipes que entenderam o desafio. Hoje a Sanasa é uma das melhores empresas em modelo de gestão no cenário nacional, tanto que somos procurados por outras companhias de saneamento estaduais, municipais e privadas para compartilhar conhecimento”, explicou o gerente de Gestão da Qualidade e Relações Técnicas da empresa, Alessandro Tetzner. A Sanasa participou do PNQS pela primeira vez em 2021 e alcançou o nível II três anos depois.
A companhia inscreveu seis cases e recebeu outra premiação por eficiência operacional, com o trabalho “Pesquisa de vazamento não visíveis para a redução de perdas”, da engenheira Sabrina Rodrigues Coelho. Esse trabalho da profissional da empresa mostrou as ações desenvolvidas pela Sanasa entre 2021 e 2024, com um índice de perdas de 16,3% na distribuição de água, considerado o menor entre os municípios com mais de 500 mil habitantes. A média nacional é de 37,7%.
“Além da questão ambiental, que você retira menos água (dos rios) para abastecer a cidade, tem também a questão financeira, econômica, porque você trata a água e ela tem um investimento, um custo para ser tratada. Se é desperdiçada, esse dinheiro também é perdido”, explicou o prefeito Dário Saadi. O trabalho de troca de rede faz parte desse processo para redução de perdas. A marca de 460 km atingida pela Sanasa é equivalente à distância de ida e volta entre Campinas e Ribeirão Preto (SP) e ficou 10 km acima da meta definida pela empresa em 2021, no lançamento do Plano Campinas 2030 de segurança hídrica.
OUTRAS AÇÕES
A substituição dos tubos de cimento amianto por outros materiais, como o de polietileno de alta densidade (PeAD), com vida útil de 50 anos, contribui para reduzir as ocorrências de vazamentos na rede. De acordo com o presidente da Sanasa, Campinas tem hoje a média de 0,32 vazamento por quilômetro de rede, marca melhor do que o da Bélgica, onde é 0,37/km, segundo dado de 2020 do Banco Mundial.
Campinas tem cerca de 300 mil ligações de água, atendidas por uma rede de distribuição formada por 3,8 mil quilômetros de tubulações, extensão equivalente à distância entre Campinas e Manaus, capital do Amazonas. O Plano Campinas 2030 prevê o investimento de cerca de R$ 1 bilhão na substituição da rede, construção de 20 novos reservatórios de água, instalação de 32 km de novas adutoras e outras obras.
Como parte da busca pela segurança hídrica, o prefeito lembrou que a Sanasa tem outro investimento, estimado entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões, para captação de água bruta no Rio Jaguari, o Sistema Produtor Campinas-Jaguari (SPCJ). O empreendimento será construído com a conclusão da Represa do Jaguari, no limite com Campinas. A retomada dessa obra, assim como da nova Represa de Amparo, foi feita pelo governo estadual em outubro passado e está prevista para ser concluída em 22 meses. A construção dessas barragens teve início em 2018 e estava parada desde julho de 2023, após a rescisão de contrato com as empresas responsáveis. O término antecipado do contrato ocorreu por causa de atrasos na execução.
“Uma metrópole como Campinas tem que ter garantia do abastecimento de água. É nisso que a Sanasa trabalhou ao longo desses quatro anos e vai continuar trabalhando nos próximos quatro”, projetou Manuelito Magalhães Jr. A construção do SPCJ acabará com a dependência do município em relação ao Sistema Cantareira, que abastece o Rio Atibaia, responsável por 99% do atendimento da população. O Rio Capivari fornece o outro 1%.
Siga o perfil do Correio Popular no Instagram