Após denúncias em trabalhos prestados dentro do Cemitério da Saudade, a Setec assumiu o serviço de sepultamento nos cemitérios da Saudade e de Sousas
Após denúncias de extorsão, furtos e superfaturamento em trabalhos prestados dentro do Cemitério da Saudade, em Campinas, a Serviços Técnicos Gerais (Setec) assumiu o serviço de sepultamento nos cemitérios da Saudade e de Sousas. A medida foi tomada pelo novo gerente de divisão, Márcio Roberto Monteiro, após analisar o decreto existente há mais de 30 anos, que sugeria que a abertura e fechamento das sepulturas fossem feitos pelos empreiteiros. Monteiro assumiu o cargo no final de abril e constatou que havia dupla interpretação no termo. Pela nova regra, a partir de agora, os funcionários da autarquia são os responsáveis por todo o funeral, desde o velório, o deslocamento do corpo até a supultura, a abertura e o fechamento do local. Os empreiteiros ficaram apenas com o trabalho de reparo e manutenção do túmulo, caso as famílias queiram contratá-los. De acordo com o presidente da autarquia, Arnaldo Salvetti Palacio Júnior, o decreto existente dava dupla interpretação para o termo sepultamento, no qual separava as responsabilidades. "O sepultamento tem um começo, com o velório; o meio, que é o transporte do corpo até a cova; e o fim, com a abertura e o fechamento da cova. Quando o decreto foi feito, entendeu-se que cabia a Setec apenas o velório, mas vimos que não é isso", disse Salvetti. Pelo decreto, a Setec cobrava uma taxa de funeral de R$ 230, e o empreiteiro cobrava outra para o enterro — referente à abertura e fechamento da cova — de cerca de R$ 500. Com o serviço centralizado na autarquia, essa taxa de enterro foi suspensa temporariamente até que seja analisada. "Vamos rever essas taxas para que não onere nem a autarquia e nem as famílias. A nossa intenção é melhorar os serviços prestados e pedimos a colaboração da população para procurar a Setec em qualquer dúvida. O decreto existente ficou inadequado e estamos analisando ele para fazer mudanças", comentou o presidente da autarquia. Segundo Salvetti, desde as denúncias foi implantada uma série de mudanças, entre as quais o cadastramento de todos os empreiteiros e a obrigatoriedade de eles usarem crachá e uniforme para a identificação. O cadastro já foi concluído e será analisado pela gerência, que terá 30 dias para o parecer. "Vamos analisar os dados de todos os candidatos. Isso é para qualificar o serviço. Quem tiver algum problema com a justiça, será excluído do processo", avisou. A regra do cadastro e identificação também vale para o pedreiro escolhido por uma família, já que fica livre a escolha do profissional de confiança. A medida é para coibir furtos no cemitério. Entenda o caso O cemitério da Saudade sofria há anos com furtos de lápides, imagens sacras, puxadores entre outras peças de bronze, mas explodiu nos três primeiros meses deste ano quando foram registrados dois arrastões. Em um dos casos, foram detidas quatro pessoas e a partir de então foi descoberto o envolvimento de um Guarda Municipal (GM). Logo depois, o Correio Popular revelou um esquema de monopolização de serviços, com extorsão. Na época, a Polícia Civil já investigava os furtos e uma tentativa de homicídio dentro do cemitério, envolvendo empreiteiros. No início de maio, a Polícia Civil fez uma operação contra os furtos no cemitério, na qual deteve cinco suspeitos, que foram indiciadas. Dois deles eram empreiteiros. Segundo o delegado Sandro Jonasson, o inquérito já foi concluído e foi pedida a prisão preventiva dos envolvidos. Segundo Salvetti, os dois empreiteiros investigados foram proibidos de trabalharem no cemitério.