Sogra é 'isca' para vender no semáforo

Quem passa com frequência pelo cruzamento da Avenida Moraes Salles com a Rua Coronel Quirino, em Campinas, já deve ter reparado a saída inusitada encontrada por um vendedor de amendoim para aumentar suas vendas quando o semáforo se fecha. Em tom bem-humorado, Antonio Carlos de Oliveira, de 47 anos, caminha entre os carros com uma enorme placa pendurada no pescoço com os dizeres “ajude-me a sair da casa da sogra”. A frase também aparece grampeada num papel junto dos pacotes de amendoim que ele pendura nos retrovisores. A reação dos motoristas é variada. Muitos ignoram. Outros riem. Já alguns vão além e, não só compram o amendoim, como postam fotos do vendedor nas redes sociais. Oliveira conta que está desempregado há 10 anos e resolveu apelar para as velhas piadas com sogras na tentativa de ganhar mais dinheiro. O curioso é que ele mesmo confessa nem ter sogra mais. “Minha sogra já morreu. É só marketing para vender mais mesmo, porque estava fraco, vendendo nem R$ 50 por dia”, admite. Desde que adotou sua "estratégia de marketing", há cerca de seis meses, o vendedor de amendoim diz ter até triplicado seus lucros. "Agora vendo R$ 100, e até R$ 150 por dia. Antes quando eu pendurava o amendoim nos carros, ninguém queria. Agora o pessoal dá risada, brinca. Mas eu sempre falo a verdade, é apenas uma propaganda", conta Oliveira. Apesar de não ter realmente a intenção de deixar a casa da sogra, o vendedor tem um motivo até mais dramático para ganhar dinheiro pelas ruas comercializando pacotes de amendoim. Ele sustenta sozinho uma família, já que sua esposa sofre de uma depressão há anos e não pode trabalhar. Assim, Oliveira junta o suado dinheiro obtido nos semáforos para manter ao menos um abrigo a ele, sua mulher e os dois filhos, de 7 e 12 anos, num pequeno apartamento do condomínio CDHU do bairro San Martin, periferia da cidade. “É difícil criar uma família estando desempregado. Eu pago R$ 1 por cada pacote de amendoim e vendo por R$ 2. É pouco o lucro, mas dá para manter minha casa. Tenho muito medo de perder meu apartamento, porque com o que ganho já sofro com as contas atrasadas todo mês”, relata.