Solidariedade surpreende família do São Bernardo

A dura realidade de Zilvane das Graças Ribeiro da Silva, de 50 anos, comoveu as pessoas que acompanharam a reportagem publicada pelo Correio Popular na última quinta-feira. Desempregada desde o mês de novembro do ano passado, a moradora do bairro São Bernardo, em Campinas, não encontrou outra forma de sobreviver à quarentena imposta pelo novo coronavírus senão colocando à venda tudo que tinha. O medo de não conseguir pagar o aluguel da casa onde mora, junto com seu marido e os dois filhos (todos desempregados), fez com que ela optasse por se desfazer de todos móveis que possuía, além de itens como televisão, fogão, micro-ondas, panelas e liquidificador. Apenas a geladeira foi poupada. Após a reportagem, a solidariedade presente nos leitores garantiu a ela e a seus familiares o pagamento do aluguel da residência por um bom período. “Teve gente que procurou os proprietários e pagou um mês inteiro de aluguel para mim”, disse Zilvane, que também recebeu uma enxurrada de cestas básicas e outros alimentos. O tão sonhado emprego que ela almeja há tempos também não foi esquecido por quem se sensibilizou com a história. "Tem um senhor que pediu meu currículo. Ele disse que vai dar jeito de arrumar um trabalho para mim. Teve outra moça que falou que vai arrumar um serviço lá no prédio onde ela mora. Estou aguardando pelas vagas, porque é o que eu mais preciso no momento". Além de não poder mais contar com o seguro desemprego — que auxiliava em parte de suas despesas —, Zilvane, assim como muitos brasileiros, também está com problemas para acessar o auxílio emergencial de R$ 600. Segundo ela, o Governo Federal liberou o valor em uma conta digital, à qual ela afirmou não conseguir ter acesso até agora.A falta dos recursos fez com que ela fosse obrigada a desmarcar uma consulta particular que estava marcada para o começo do mês maio. Recentemente, ela passou por uma cirurgia para retirar o útero e precisava fazer pelo menos mais dois exames. Ontem, por causa da solidariedade de muita gente, ela não só recebeu uma ajuda financeira para bancar os eventuais exames, como outras sugestões para resolver a situação. “Teve gente que veio me perguntar qual era o meu problema. Disseram que iriam conversar com os médicos deles para marcar os exames que eu preciso fazer”, revelou. Zilvane ainda se emocionou ao falar da ajuda que vem recebendo das pessoas. Com a voz visivelmente abalada, ela contou que não esperava receber tanto apoio nesse momento difícil da vida dela. “Eu fico muito emocionada, porque não esperava receber todo esse carinho. A gente vive hoje um mundo onde as pessoas têm pensado tanto em si mesmas que é até estranho estar recendo todo esse amor das pessoas”, destacou a mineira, que há mais duas décadas se mudou para Campinas.“Só queria agradecer a todos que se sensibilizaram com o meu caso. Nesses dois dias, meu telefone não parava de tocar um minuto sequer. Graças a Deus, eu e minha família estamos agora numa condição melhor. Espero que Deus possa abençoar a vida de cada uma dessas pessoas que se importaram comigo”.