combate ao câncer

Uma data que exige uma reflexão profunda

Seiscentos mil novos casos de câncer. Essa é a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde para o país em 2018. Para 2019 o estudo é o mesmo, totalizando 1,2 milhão de brasileiros

Rafaela Dias
09/04/2018 às 08:10.
Atualizado em 23/04/2022 às 10:19
José Renato Seppi, paciente, é otimista: "Posso garantir que a vida não acaba. Tenho três filhos e uma neta que me motivam diariamente a lutar" (Dominique Torquato)

José Renato Seppi, paciente, é otimista: "Posso garantir que a vida não acaba. Tenho três filhos e uma neta que me motivam diariamente a lutar" (Dominique Torquato)

Seiscentos mil novos casos de câncer. Essa é a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e do Ministério da Saúde para o país em 2018. Para 2019 o estudo é o mesmo, totalizando 1,2 milhão de brasileiros. No Dia Mundial de Combate à doença, 8 de abril, o Centro de Quimioterapia Ambulatorial da Unimed Campinas (CQA) discute questões relacionadas ao diagnóstico precoce, a prevenção da doença e a humanização no tratamento, considerados os maiores desafios para reduzir a mortalidade e diminuir os números no País. “O desafio do câncer é como tratá-lo da melhor forma, mas antes disso, é preciso diagnosticar de forma precoce, já que com essa vantagem é possível receber a melhor intervenção terapêutica resolvendo o problema de forma efetiva, ou seja, alcançando a cura”, disse o médico oncologista e responsável técnico do CQA, Emerson Gatti.  Para ele, apesar de o Brasil ter evoluído no diagnóstico nos últimos anos, o acesso ao tratamento ainda é moroso. “Não temos os serviços públicos preparados para atender a essa nova demanda, portanto, ainda estamos atrasados, embora a legislação para o tratamento tenha evoluído também. Inclusive hoje existe uma proposta da Prefeitura de Campinas para que se faça um mutirão para atender os pacientes que precisam de radioterapia através de um convênio público-privado”, contou. São 300 pacientes que aguardam o atendimento. O anúncio foi feito na última quinta-feira, quando o prefeito Jonas Donizetti lançou o programa Fila de Atendimento Zerada. A expectativa é que o tratamento seja realizado 10 dias após o primeiro atendimento. “Hoje, em uma assistência privada de saúde, o paciente não aguarda para começar o tratamento, esse é o modelo ideal”, defendeu. Desde que iniciou suas atividades, em 2009, o Centro de Quimioterapia. Ambulatorial da Unimed oferece, segundo Gatti, total segurança e qualidade. “São 105 funcionários, todos treinados continuamente e, entre eles, uma equipe de 17 médicos, sendo 14 oncologistas, um hematologista, um clínico e um responsável técnico”, explicou. As salas de infusão, onde o medicamento é injetado nos pacientes, contam com acomodações para acompanhantes e uma equipe de especialistas de plantão. Um dos serviços especiais é a presença de uma fisioterapeuta especialista em reflexologia, uma prática de massagem dos pés, de origem oriental, que ameniza dos sintomas de dor ou náusea que possam ocorrer no paciente. Outra ação que mostra a preocupação com o paciente é o serviço de pós-aplicação. No dia seguinte à infusão, um enfermeiro liga para a casa do paciente para saber notícias de como passou após o procedimento e como está se sentindo. Superação “Há três anos fui diagnosticado com um nódulo na próstata. Hoje já estou no quinto tumor, que voltou dessa vez na cabeça. Posso garantir que a vida não acaba. Tenho três filhos e uma neta que me motivam diariamente a lutar contra o câncer”, contou o aposentado José Renato Seppi, de 70 anos. “Quando tem amor, a gente supera qualquer coisa. Posso dizer isso completando 50 anos ao lado de uma esposa companheira e que jamais deixou que eu me abalasse durante o tratamento”, disse. Quando diagnosticado, ele temia o tratamento, mas nunca desistiu. “A gente não sabe o que virá pela frente, mas sempre fui tratado com muito respeito e nunca como um moribundo. Aprendi que podemos ser salvos, com luta ou não. Rodeados de carinho e cuidado como recebemos aqui, tudo é possível. O câncer é como você o encara. Tudo está na sua cabeça. Siga em frente”, avaliou. Para a esposa, Maria Ercilia Seppi, de 71 anos, o companheirismo é o que importa. “Depois de 10 anos de casados, naturalmente a paixão diminui e o que preservamos é o cuidado, respeito e amizade. Estar do lado, em qualquer circunstância. Mesmo morando longe nossos filhos são presentes, sempre perguntando do pai. Isso faz toda a diferença. Mas o tratamento que recebemos aqui também. Nos sentimos parte de uma família”, contou. Ao chegar pela primeira vez para o tratamento, o paciente recebe sua cartilha de orientação sobre os procedimentos da quimioterapia, suas ações e reações. Com o manual em mãos, o paciente pode conferir sempre que desejar como são e como agem os medicamentos que está recebendo, como funcionam os acompanhamentos psicológico e nutricional no CQA, os efeitos colaterais e os cuidados especiais no dia da tomada do medicamento. Foi assim que Yvone Sampaio Rousselett, de 81 anos entendeu cada passo do seu tratamento e comemora a última sessão de quimioterapia. “Tive câncer de mama há cinco anos e agora estou tratando no pulmão e fígado. Foram 11 anos de tratamento mesmo levando uma vida saudável e praticando esportes diariamente. Mesmo com todos os cuidados, corremos esse risco e quando acontece, o melhor é lutar com todas as nossas forças”, falou a aposentada. “A vida é muito mais importante. Sou casada há 59 anos e tenho três filhos, três netos e uma bisneta. Luto por cada um deles”, disse. Ela confessa que os efeitos colaterais do tratamento são ruins, mas superáveis. “Com o atendimento certo, com tanto carinho, respeito e seriedade que temos aqui, tudo é possível”, completou. Sentença de Morte Para o oncologista Emerson Gatti, a principal evolução do câncer foi a possibilidade de cura, mas a busca é pela qualidade de vida. “Até pouco tempo não falávamos em cura. O câncer era um diagnóstico zelado de morte. O que esperamos é que os pacientes que não possam ser curados nos próximos anos, se tornem pacientes crônicos como os diabéticos, por exemplo, que toma os medicamentos e que tem uma vida normal e de qualidade”, explicou. O tipo de câncer mais incidente em ambos os sexos nos próximos dois anos, segundo o INCA, será o de pele não melanoma, que é um tipo de tumor menos letal, com 165.580 casos novos. Depois, tipos de câncer mais incidentes no Brasil serão próstata com 68.220 casos novos e mama feminina, com 59.700. Ainda segundo o estudo, as maiores incidências entre as mulheres depois do câncer de mama serão no intestino e depois no colo do útero. “O câncer de mama é um dos mais incidentes, mas não o que mais mata, já que o diagnóstico precoce aumentou muito no País”, falou Gatti. Já entre os homens, os cânceres mais incidentes depois da próstata serão pulmão e intestino. De acordo com o INCA, longevidade, urbanização, globalização e exposição aos fatores de risco ambientais e ocupacionais, bem como fatores reprodutivos e hormonais e o histórico familiar de câncer, estão entre as principais causas da doença. Medicina Personalizada Segundo Gatti, a medicina segue a passos largos para encontrar tratamentos específicos para cada expressão genética. “Não existe uma vacina contra o câncer, o que existe são tratamentos específicos e especializados para cada paciente”, disse. “O que existe hoje na medicina e que serve para um tipo determinado de câncer não serve para todo mundo e não trará todas as respontas. Sabemos que existem padrões genéticos e já temos algumas terapias específicas, mas para não todas. Mas estamos nesse caminho”, concluiu. DICAS PARA EVITAR Evitar fumar, assim como o de se expor à fumaça de pessoas próximas a você que fumam; Fazer alguma atividade física de forma regular; Reduzir a ingestão de carnes vermelhas e comer alimentos frescos, como frutas, vegetais e hortaliças, além de alimentos ricos em fibras; Evitar os alimentos processados, gordurosos, defumados e produzidos com o uso de agrotóxicos; Manter o peso corporal adequado; Proteja-se da exposição solar excessiva usando roupas, chapéu, óculos escuros e protetor solar; Minimizar a ingestão de bebidas alcoólicas; Tentar evitar se expor à radiação ionizante e poluição do ar; Fazer os exames de rotina; (Fonte: Ministério da Saúde) SAIBA MAIS Números 2018/2019 - novos casos HOMENS Próstata (68.220) Pulmão (18.740) Intestino (17.380) MULHERES Câncer de mama (59.700) Intestino (18.980) Colo do útero (16.370) Fonte: Instituto Nacional de Câncer (INCA)

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