A Virada Popular Cultural transcorreu sem problemas neste final de semana, com os vários grupos e artistas se revezando nos três palcos montados na Praça Arautos da Paz
A Virada Popular Cultural transcorreu sem problemas neste final de semana, com os vários grupos e artistas se revezando nos três palcos montados na Praça Arautos da Paz (Edu Fortes/ AAN)
A Virada Popular Cultural, iniciativa de coletivos de artistas e produtores, feita em resposta ao cancelamento da Virada Cultural pela Prefeitura de Campinas, transcorreu sem problemas neste final de semana, com os vários grupos e artistas se revezando nos três palcos montados na Praça Arautos da Paz. A organização recebeu mais de 160 inscrições e entre sábado (28 e domingo (29), 50 atrações se apresentaram. O sucesso foi tão grande que o grupo de voluntários que fez o evento acontecer já pensa na Virada Popular Cultural do Verão. Nos dois dias do evento, aproximadamente 3 mil pessoas passaram pela Arautos da Paz, segundo estimativa dos organizadores. “Foi muito legal, a estimativa de alguns organizadores era de que no sábado, cerca de 2 mil pessoas passaram pela praça. O público esteve presente em horários variados, com maior volume a partir do fim da tarde”, disse Beatriz Dias, voluntária da organização. “Foi tudo muito tranquilo. A Polícia Militar e Guarda Municipal conversaram conosco, mas não teve registro de nenhuma ocorrência no sábado”, acrescentou. Os participantes também ficaram satisfeitos com o resultado da iniciativa. “Todos estavam bem organizados, até onde eu fiquei sabendo tudo ocorreu no horário e sem nenhum incidente. Estava um clima de comunhão muito bonito entre todos os presentes, tinha gente de todo tipo e todos querendo fazer o evento acontecer da melhor maneira possível”, afirmou o músico Lucas Madi, que se apresentou na tarde de sábado. “Eu vejo esse evento como uma amostra do poder da população, independente das instâncias públicas, é uma resistência ao processo de sucateamento que a área cultural tem vivido em termos governamentais. Essa lógica se reflete desde o cancelamento da Virada Cultural até o fechamento do Ministério da Cultura. Esse tipo de movimento de resistência sempre é válido e hoje, mais do que nunca, se faz essencial”, acrescentou Madi. Voluntária da organização, Fátima Ferreira afirma que o evento “deu, aconteceu e ficou bonito”. “Tivemos um número incrível de inscrições, superou a nossa expectativa. Fizemos curadoria para chegar a um número que desse para apresentar. Porque tínhamos shows para uma semana.” Os organizadores ressaltam que 99% dos artistas eram de Campinas. “A gente prezou por artistas da cidade. A sensação é de que há uma demanda reprimida de artistas em busca de espaço”, disse Fátima. “Teve muita expressão artística da periferia”, acrescentou. O músico Michel Amaral disse que gostou muito do evento, especialmente porque deu visibilidade para os artistas de Campinas. “Vi amigos meus tocarem. É legal porque deu uma força para a cena de Campinas, para os artistas independentes. Seria melhor ainda se tivesse mais artistas de renome para atrair um público maior e dar mais visibilidade para os artistas da cidade”, disse. “A Virada Popular é um grito de liberdade, uma vitória pela visibilidade a quem está fazendo por amor. Campinas é um polo tão grande de arte e essa arte é marginalizada”, disse o M’C Pegê (Pedro Guilherme). “Passei pela praça pela manhã e novamente na noite de sábado. Não estava lotado, tinha um público médio, mas bem atento, próximo aos artistas que se apresentavam, uma situação bem bonita. O clima estava muito bom, todos com o espírito de fazer algo pelo bem comum. Independente de cachê ou infraestrutura, o foco era fazer arte”, disse o diretor de Cultura da Prefeitura, Gabriel Rapassi. O cancelamento da Virada oficial ocorreu por falta de verba para montar a estrutura. Os artistas seriam pagos pelo Estado. (Colaborou Inaê Miranda/AAN).