Confunde e encanta

À primeira vista, o semblante é de curiosidade e espanto. Passado alguns minutos, a surpresa estampada no rosto se transforma em sinceras gargalhadas com as situações um tanto embaraçosas provocadas pela conexão (ou falta dela) entre o cérebro e os olhos diante as atrações expostas no Museu das Ilusões. Inédito no Brasil, o museu é itinerante e está instalado na Alameda do Parque D. Pedro Shopping até o dia 13 de outubro deste ano, e traz mais de 50 produções que usam e abusam de elementos baseados na ilusão de ótica para intrigar e divertir o público campineiro. As “cadeiras confusas”, uma “atração”na qual quem senta e encosta com as pernas esticadas em cima da cadeira grande parece menor de quem se senta na cadeira pequena é uma das principais atrações do museu. Além dela, há também o “buraco do universo”, um jogo de espelhos que produz um enorme túnel vertical e faz a alegria dos visitantes. No entanto, tais ambientes lúdicos e interativos não são apenas espaços instagramáveis (ambientes construídos para fotografar e serem postados no Instagram) ou para garantir boas risadas, como afirma Paulo Zimmermann, consultor e um dos responsáveis pelo Museu da Ilusões: trata-se de um investimento no mundo da ciência. “O que me encanta nessa área é a curiosidade das pessoas. É claro que muita gente vem, se diverte, tira foto, mas para outras pessoas a afinidade desperta e então começam a estudar.” Além disso, o museu é uma ótima oportunidade para conhecer na prática o que se estuda na teoria, como conta o casal de engenheiros de bioprocessos, Jade Brito e José Morais: “É algo bem legal, vimos várias coisas aqui que não vimos na faculdade nas disciplinas de ótica. Uma chance de ver a física aplicada confundindo nossa mente”, afirmou Morais, bem entusiasmado. Passeando pela exposição, as guias do museu, Júlia Valdivia e Naomí Teles tem a missão de apresentar as atrações aos visitantes e estimulá-los a participarem de todas elas. A “casa invertida”, por exemplo, abusa da ilusão de ótica e permite ao público fotos bastante curiosas. Outros que costumam surpreender os frequentadores do museu é o “espelho flutante” e o “einstein, face a face”. O último é uma reprodução do rosto do cientista Einstein, que não tira os olhos de quem o encara. Vale a pena conferir! O projetoAlém de Zimmermann, o museu tem como curador o físico e professor Julio Abdalla, o qual também é idealizador do ExperCiência, maior exposição itinerante de ciência no Brasil. Diante disso, a dupla aproveitou o sucesso de tal projeto para criar o Museu das Ilusões, que traz a ótica como recorte e foco da exposição. Outra motivação para a construção do museu vem das impressões pessoais dos próprios fundadores, como explica Zimmermann: “Tanto eu como o Julio viajamos ao redor do mundo conhecendo outros museus científicos, na Europa, Chile e EUA, por exemplo, e percebemos a necessidade de mais exposições como essa aqui no Brasil.” E completou: “Sou um apaixonado por ciência, então sempre quis levar meus filhos em eventos desse tipo e há poucas opções aqui na região e no País, de maneira geral”. Sendo assim, o Museu das Ilusões aproveita as experiências de Zimmermann e Abdalla para reproduzir algumas das atrações das exposições internacionais, como conta o consultor. “Pesquisamos bastante para construir esse acervo que temos, e o mais legal é que quase todas as peças construímos aqui”. Além disso, os curadores do museu escolheram os shopping centers como o habitat para o projeto. “ É um instrumento social, todo tipo de público frequenta, é o lugar ideal”, explica Zimmermann.Em sua primeira parada, o Museu da Ilusões foi inaugurado em Campinas no dia 25 de julho e fica até 13 de outubro, para viajar todo o Brasil. Para visitá-lo é necessário desembolsar R$ 40,00, a inteira e R$ 20,00, a meia entrada, e fica aberto de segunda a sábado, das 10h às 22h e aos domingos, das 12h às 20h.