Conmebol, omissa como sempre

Oruro, fevereiro de 2013: no jogo entre San José x Corinthians, pela fase de grupos da Libertadores, um torcedor do Corinthiasns disparou um sinalizador em direção à torcida boliviana. O artefato perfurou o crânio e matou um garoto de 14 anos. A partida foi realizada normalmente — embora o assassinato tenha sido cometido durante o evento — e terminou empatada (1 x 1). A polícia achou outros nove sinalizadores com torcedores do Corinthians. O que diz o regulamento da Libertadores: o artigo 18 prevê a exclusão da competição (atual ou de edições futuras), proibição de jogar em um estádio ou país ou perda de pontos para o clube que tiver caso de comportamento inadequado da torcida. Reação da Conmebol: apesar de assassinato ser muito mais grave do que “comportamento inadequado”, a Conmebol anunciou a seguinte medida: “O Corinthians não poderá ter torcedores acompanhando os seus jogos na Taça Libertadores por até 60 dias, período em que deve haver o julgamento do caso no Tribunal Disciplinar.” No final das contas, o clube atuou sem público em apenas uma partida do torneio. Buenos Aires, maio de 2015: o jogo Boca Juniors x River Plate foi interrompido no intervalo porque os jogadores do River foram atacados com spray de pimenta por torcedores do Boca dentro do túnel inflável de acesso ao gramado. O placar era de 0 a 0 e o anúncio de que a partida seria interrompida foi feito mais de uma hora depois. Os atletas ficaram mais de duas horas no gramado e, quando saíram, torcedores, que esperaram esse tempo todo no estádio, atiraram garrafas e outros objetos no gramado. O que diz o Regulamento Disciplinar da Conmebol: o artigo 23 diz que, sem prejuízo a outras sanções, a equipe que for responsável pela interrupção de uma partida será declarada perdedora pelo placar de 3 a 0. Reação da Conmebol: além de ter pressionado o árbitro a dar prosseguimento à partida (o que era impossível), não tomou nenhuma atitude no dia seguinte e deu um prazo de 24 horas para o Boca Juniors apresentar a sua defesa. O comportamento das torcidas organizadas na Libertadores é péssimo, criminoso e vergonhoso. E só vai piorar enquanto o futebol do continente for comandado por uma entidade tão incompetente, covarde, política e desorganizada como a Conmebol. Incapaz de cumprir as regras que ela mesmo estipula, ela coloca, ano após ano, atletas e torcedores em situação de risco.