POLÊMICA

Deficientes visuais dizem que Azul os proibiu de voar

Trio de jogadores de xadrez vieram a torneio em Altinópolis e foram impedidos de embarcar a Belo Horizonte no aeroporto de Ribeirão

Duda Pereira
21/05/2013 às 18:47.
Atualizado em 25/04/2022 às 15:19

Três deficientes visuais foram proibidos de embarcarem em um voo da companhia aérea Azul com destino a Belo Horizonte, no Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto, no início da noite deste domingo (20). O comandante da aeronave teria dito que as normas da empresa só permitem que os cegos viajassem separadamente, e por isso proibiu o embarque.

Ciente do problema, o gerente da Azul em Ribeirão, Rodrigo de Campos Medeiros, foi chamado até o aeroporto, mas quando chegou o voo já tinha partido. Ele levou o trio de amigos até o Plantão Policial para registro de boletim de ocorrência, e depois até um hotel da cidade. Os amigos, que são atletas de xadrez, estavam em Altinópolis para disputa de um torneio há dois dias.

O analista de sistemas Crisolon Vilas Boas, 54 anos, foi uma das vítimas. Ele conta que já tinha feito o check in acompanhado de seus amigos - o casal Priscila Melo Candido, 21 anos, e Davi de Souza Lopes, 36 – quando foi avisado da proibição.

“Passamos quase 40 minutos em pé sem receber qualquer informação, enquanto os outros passageiros embarcavam. Depois veio um atendente da Azul para nos informar sobre a proibição do comandante, de que a gente ofereceria riscos à aeronave”, afirmou.

Vilas Boas revelou que eles devem processar a Azul pelo constrangimento provocado. “É um absurdo o que fizeram, fomos vítimas de preconceito. Vamos acionar a Justiça para mostrar que eles não estão lidando com crianças. Temos uma deficiência sensorial, mas somos pessoas comuns. Foi totalmente constrangedor, só quem está na pele sabe o que sentimos”, disse.

Os três embarcaram nesta segunda-feira (20) para capital mineira, onde moram. E apesar do problema, foram em voos diferentes. Lopes embarcou às 9h50, com conexão em Campinas, enquanto Priscila e Vilas Boas tiveram voos diretos, às 10h40 e 18h, respectivamente.

Todos sofreram consequências em seus empregos. “Ainda não sei o que aconteceu, já viajei para 28 países, para diversas cidades, inclusive com a Azul, e nunca aconteceu nada. Hoje (segunda) perdi todo o meu dia de trabalho.”

RESPOSTA

Em nota, a assessoria de imprensa da Azul disse que, "por uma questão de segurança", costuma dobrar o número de comissários a bordo para cada pessoa com deficiência visual durante um voo. "Para a companhia, tal medida é necessária para melhor auxiliá-las em casos de emergência, como, por exemplo, uma evacuação, na qual todo processo de desembarque é feito por meio de sinais luminosos", disse a nota.

Segundo a assessoria, a Azul embarcou apenas um dos quatro clientes porque a aeronave tinha apenas dois comissários. "A empresa lamenta os transtornos causados aos que não embarcaram e procurou reacomodá-los da melhor forma possível, remarcando seus voos, cada um em um horário diferente, sem quaisquer custos. A companhia ainda os hospedou em um hotel próximo ao aeroporto, onde puderam aguardar seus voos com mais conforto", disse a nota.

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