SÉRIE

Johnny Massaro busca a precisão da comédia

Na pele de Geraldinho, em Filhos da Pátria, ator fala da difícil arte de fazer rir

Estadão Conteúdo
03/11/2019 às 15:07.
Atualizado em 30/03/2022 às 13:41

Em quase 15 anos de carreira na tevê, Johnny Massaro acumulou diversos trabalhos cômicos em séries e novelas. Hoje, na pele do alienado Geraldinho de Filhos da Pátria, não tem dúvidas: é justamente no humor que se sente menos seguro. Não chega a ser uma questão de preferência pelo drama, longe disso. Mas o carioca de 27 anos garante: fazer rir depende de mais do que técnica ou talento. “A comédia parece mais difícil, tem muito a ver com precisão. É quase uma matemática. Mesmo reconhecendo que estou tendo mais oportunidades no gênero, o humor me deixa um pouco mais inseguro do que o drama”, assume. Na série exibida às terças-feiras pela Globo, Geraldinho é um jovem um tanto inconsequente e amante da subversão ideológica. Fora da ficção, seu intérprete se mostra um jovem politizado e engajado nas redes sociais. E tem sempre uma visão crítica pronta para ser apresentada sobre os assuntos que são questionados. “A primeira sensação que eu tenho do Geraldinho é que ele é esse tipo de pessoa que não consegue transferir o olhar para o outro. É tudo absolutamente voltado para ele mesmo, para suas próprias necessidades. É um personagem muito condizente com o agora. Se colocar no lugar do outro é algo que anda muito esquecido”, dispara, em tom de lamentação. Mesmo que um verdadeiro abismo pareça separar ator do personagem, Johnny enxerga que podem haver semelhanças entre ambos. “Gosto muito de explorar as proximidades, não sou de trabalhar as diferenças. Então, com certeza, tem muito meu no Geraldinho. Agora, o que, sinceramente, eu não sei. Acho que prefiro nem pensar nisso”, desconversa. Nesta nova leva de episódios — a primeira temporada foi exibida há dois anos, em 2017 —, Johnny entrega que algumas questões ganharam tintas mais fortes. “É mais direto ao ponto, até porque a situação atual do Brasil exige abordagens mais diretas, apesar do humor dar uma leve maquiada. O trabalho está mais maduro em muitos sentidos, tanto pelo Bruno (Mazzeo, autor) quanto por nós, atores, revisitando papéis que já fizemos”, analisa. Quando estreou na grade da Globo, em setembro de 2017, Filhos da Pátria era ambientada em 1822, com a independência do Brasil recém-proclamada. Para a segunda temporada, Bruno Mazzeo decidiu transportar todos os personagens para o século seguinte, mais precisamente em 1930, enfrentando a fase pós-Velha República e o começo da Era Vargas. “O chocante é perceber como as coisas não mudaram. Ou, no máximo, mudaram muito pouco. Temos discursos maravilhosos colocados na roda, como o feminismo e o racismo. E, ao mesmo tempo, a gente lida até hoje com tudo isso”, reconhece, entregando que esse é um dos pontos que mais o empolga nesse trabalho. “É brilhante apresentar essas discussões de um jeito bem-humorado”, justifica.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por