Imagens coloridas retratadas em pipas de Andrea Mendes
O Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC) abre duas exposições simultâneas nesta quinta-feira (9): "Sobre Sub Solo", de Andrea Mendes, e "Diário 366", de Bruno Novaes. A visitação é gratuita e aberta ao público até 29 de julho, de terça a sexta-feira, das 9h às 17h.
“Sobre Sub Solo”: resistência e memórias
A artista Andrea Mendes usa a figura da pipa para representar seus voos e pousos por várias cidades, inclusive Campinas, onde morou. Sua montagem é repleta de imagens, escritas, desenhos, vídeos e objetos ligados por fios, traços, pinturas, rasgos e costuras. O traço comum entre todas essas vivências criativas é a face ativa da classe trabalhadora latino-americana. A exposição "Sobre Sub Solo" é a conclusão de um processo de pesquisa pautado por evocações de memórias que revisitam seus deslocamentos e enraizamentos.
Neste trabalho, realizado entre 2019 e 2021, a artista reage contra o apagamento de sensibilidades que transitam a partir de seu Nascedouro (Itaberaba, BA) para o seu Acolhedouro (Campinas), que se recriam em seu Renascedouro (Araras, SP). E que se redescobrem conectadas com múltiplas culturas, como a vivência em um Hospedadouro como artista convidada nas ocupações na comunidade de Bermudez, no interior da Argentina.
Parte das montagens são feitas dentro de pipas, símbolo escolhido pela artista para representar seu trabalho. “A pipa faz menção direta ao território acolhedor, pois é tradicional na comunidade: acolhida por crianças e adultos, tornou-se uma de suas referências culturais”, diz a artista.
A curadora Sônia Fardin explica que as imagens registrando as atuações da artista se identificam com a resistência dos trabalhadores ao enfrentar o colonialismo, o neoliberalismo e a violência que tem colapsado comunidades centenárias, rurais e urbanas. A mostra teve a produção de PretAção e Tomada Cultural, contemplada pelo edital do ProAC.
“Diário 366”: histórias coletivas de vida
As páginas do diário do artista Bruno Novaes e histórias relatadas por voluntários são a base da mostra "Diário 366", construída em um processo que se estendeu por quatro anos. São textos, desenhos, colagens, fotos e aquarelas que registram a história pessoal de Bruno e se misturam com os relatos de colaboradores. O projeto, além dar base à exposição, também possibilitou a edição de um livro homônimo, premiado pela Lei Aldir Blanc.
O projeto teve início com registros cotidianos feitos pelo artista no ano bissexto de 2016, usando diferentes linguagens. Em seguida, os participantes escolheram datas e receberam as páginas correspondentes do caderno, digitalizadas em forma de cartão-postal. Estes colaboradores responderam com o envio de itens que comentavam o motivo da escolha por aquele dia, criando uma relação de troca de confidências com o artista.
Todo esse processo foi documentado em um grande calendário, onde Novaes fez o controle das devolutivas por meio de aquarelas. As pinturas dessa catalogação anual, as páginas do diário do artista e todo o acervo recebido são apresentados na exposição. Esse procedimento criou um diário, com uma narrativa coletiva das memórias, afetos e histórias de vida de mais de 300 pessoas, que se envolveram no projeto por razões diversas.
Entre as motivações para as participações, as escolhas das datas misturaram aspectos individuais e íntimos com acontecimentos culturais e coletivos, resultando em um arquivo que coloca objetos ordinários, trabalhos de arte, documentos pessoais e lembranças afetivas em um mesmo plano.
PROGRAME-SE
Exposições "Sobre Sub Solo" de Andrea Mendes e “Diário 366” de Bruno Novaes
Quando: de 09/06 a 29/07, de terça a sexta-feira, das 9h às 17h
Onde: MACC - Av. Benjamin Constant, 1633 - Centro
Entrada gratuita
Informações: (19) 2515-7095