de tirar o fôlego

Passeio de balão em Brotas

Além da noite estrelada e do céu azul quase sem nuvens, quem olhar para cima em Brotas pode se deparar com um colorido até então estranho na cidade

Da Agência Anhanguera
02/06/2018 às 19:17.
Atualizado em 22/04/2022 às 03:06
O balonismo dá seus primeiros passos na região como mais uma opção para quem quer pegar a estrada e curtir o clima interiorano: aventura (Rafael Barbieri/Divulgação)

O balonismo dá seus primeiros passos na região como mais uma opção para quem quer pegar a estrada e curtir o clima interiorano: aventura (Rafael Barbieri/Divulgação)

Além da noite estrelada e do céu azul quase sem nuvens, quem olhar para cima em Brotas pode se deparar com um colorido até então estranho na cidade. A “terra da aventura” no Interior de São Paulo ganhou mais uma para chamar de sua: o voo de balão. Nada tão assustador como outras atividades que acontecem por lá, mas igualmente capaz de tirar o fôlego de quem sobe a bordo, o balonismo dá seus primeiros passos na região como mais uma opção para quem quer curtir o clima interiorano num fim de semana ou feriado.  Seguindo para onde o vento soprar, os turistas têm no horizonte, além da própria cidade de 24 mil habitantes, um cenário de pastos, rios, cachoeiras e plantações de cana, eucalipto, banana e laranja. Mesmo a mais de 500 metros de altura em relação ao nível do mar (e o voo pode chegar até perto de mil), os cheiros e os sons estão ali: o Rio Jacaré-Pepira correndo, o mato ainda molhado da manhã, os bois, os pássaros cantando. Voar, voar... O título “aventureiro”, de certo, continuará pertencendo a Brotas por conta de atividades como rafting, canionismo ou queda livre. Não que o balonismo não chegue a assustar quem tem medo de altura, mas a experiência é muito mais tranquila, de contemplação, do que de aflição. Tanto a subida quanto a descida são lentas – e, assim, com os olhos se acostumando aos poucos, as dimensões de alto e baixo se tornam menos perceptíveis. Vale destacar que o balão só levanta voo se as condições climáticas estiverem favoráveis e com número de pessoas cujos pesos somem, no máximo, 1.000 kg. A “decolagem” acontece no terreno da Pousada Pé na Terra, na zona rural, mas bem perto do centro de Brotas. O destino: “SDS”, como brincam os pilotos - ou “Só Deus Sabe”. No nosso voo inaugural, antes das 6h30 já estávamos no céu, vendo o Sol dar as caras no horizonte paulista. O frio das primeiras horas da manhã logo vai dando espaço ao calor do dia e do fogo que controla a altura do balão. O passeio, supertranquilo, acabou 40 minutos depois, nas proximidades de uma plantação de cana, com o condutor dando mostras de sua habilidade ao pousar em cima da própria caminhonete da equipe de resgate, guiada via GPS. Enquanto uns lamentavam o fim do passeio, outros celebravam a segurança. “As condições em Brotas normalmente são boas, por conta do relevo da região, que também proporciona vistas muito bonitas”, disse o piloto Cristiano Almudim. Subir, subir Além do voo da manhã, que parte sem rumo, há a subida do fim da tarde (a partir das 17h), em que o balão sobe e desce amarrado por cordas, só para uma vista panorâmica. São meros cinco minutos, só para dar um gostinho, com a altura chegando ao máximo de 60 metros. Também é oferecido o passeio romântico, com balão exclusivo para casais que queiram comemorar alguma data especial. A princípio, os voos serão realizados na cidade uma vez por mês, dependendo da procura. A avaliação de novas datas será feita pela EcoAção, a operadora de turismo mais famosa da cidade e que vem dominando o setor por lá, gerindo pousada, hostel, parques e um hotel-fazenda em construção. A atividade é feita em parceria com pilotos que atuam em Boituva, ponto clássico do balonismo no Estado. Clima de fazenda O fim de semana ou feriado de aventura pode ser combinado com um passeio de clima totalmente rural no Hotel Fazenda Areia que Canta, a 15 minutos do centro de Brotas (até R$ 220 o day use, com bufê de comida caseira do Interior, incluído o almoço). A propriedade guarda uma linda nascente, que mais parece um cenário do Jalapão, no Tocantins, ou Bonito, no Mato Grosso do Sul. Ela forma um poço raso com fundo recoberto de areia cuja composição tem principalmente grãos de quartzo. Um punhado dessa areia, que é coletada pelo guia em um balde de madeira, ao ser esfregada entre as mãos faz um barulho de cuíca - alguns demoram um pouco mais para pegar o jeito, mas até as crianças acabam conseguindo. É possível também fazer flutuação na nascente, onde a areia borbulha com a água saindo direto do Aquífero Guarani para o Rio Tamanduá A atividade é controlada e apenas quatro turistas podem entrar nas águas a cada vez. E pisotear o fundo é proibido. O termo “fazenda” no nome da propriedade é de verdade. O espaço é produtivo e tem gado, vaca leiteira e plantação de laranja. Na parte “hotel”, está tudo ali também: tirolesa, redes, lago, piscina, passeio a cavalo, trilhas, cachoeira. As diárias começam em R$ 272 por pessoa. (veja mais em http://www.areiaquecanta.com.br). Cachoeira na cidade No trecho do Rio Jacaré-Pepira que passa pelo centro de Brotas, as margens permaneceram abandonadas durante anos – chegaram mesmo a ser uma área considerada violenta. Até que, em 2008, foi concluído um projeto de recuperação do entorno. Nascia assim o Parque dos Saltos, uma área pública e com entrada gratuita que virou uma atração em que se pode contemplar uma sequência de quedas d’água – tanto as naturais quanto as que foram criadas pelas barragens da hidrelétrica que, em fins do século 19, já garantia a iluminação pública de Brotas, antes mesmo da cidade de São Paulo contar com tal facilidade. O ponto de partida para a caminhada – um passeio de cerca de duas horas de duração, feito sem pressa – é a ponte pênsil, exclusivamente para pedestres, que começa na Avenida Alfredo Mangilli. Há trilhas que acompanham as margens, passam por entre as árvores e atravessam o rio por cima de pontes de madeira. O interior vazio do barracão que abrigava o maquinário da usina é aberto para visitação. No outro extremo do parque fica o restaurante Mira Rio, com uma varanda de frente para o Jacaré-Pepira e um cardápio de almoço perfito para um de fim de semana em família, com pratos-feitos simples e porções. (Com Estadão Conteúdo) ANTES DE IR COMO CHEGAR: a partir de São Paulo, são 250 quilômetros pela rodovia dos Bandeirantes (pedágio R$ 47, só ida). De ônibus, a passagem custa R$ 72,90 o trecho com a Expresso de Prata – a viagem dura 4h e sai do Terminal Rodoviário da Barra Funda. BALÃO: o voo livre (que sai às 6h) custa R$ 400 (ou R$ 420, com café da manhã). O voo cativo, no fim da tarde, custa R$ 55. Próxima saída no dia 16/6, com a agência Ecoação. O QUE LEVAR: para as atividades de aventura, tênis confortável, cantil, mochila pequena, protetor solar e repelente são imprescindíveis. BONS MOMENTOS TAMBÉM À MESA Em um casarão de dois andares com mais de um século restaurado usando materiais originais, como tijolos e madeiras, o Brotas Bar é um clássico entre turistas na cidade. Tem decoração temática de rafting, abriga o pequeno Museu Bozo D’Água (com equipamentos da premiada equipe de rafting local) e playground infantil. O cardápio é variado - a picanha argentina e o hambúrguer são as especialidades. Há pratos desde R$ 40, mas uma refeição para duas pessoas não sai por menos de R$ 150, sem bebidas; na happy hour, há promoções. (veja em http://www.brotasbar.com br). À noite, é bom chegar cedo ao Brotas Beer Pub, bar da cervejaria local que reúne todas as opções da sua produção (média de R$ 20 a garrafa de 600 ml; também há opções da torneira). No menu, hambúrguer, salada, torresmo, coxinha da asa, calabresa acebolada, frios (veja em http://www.brotasbeer.com.br). Para quem quiser uma comida italiana, o Vicino della Nonna serve pratos napolitanos individuais e muito bem servidos como se espera de uma casa da Nonna (em http://www.vicinodellanonna.com.br). Rafting: doses de emoção e sossego Entre as aventuras disponíveis em Brotas, o rafting (R$ 144, na EcoAção, e R$ 110, na H2Omem) é a mais tradicional. Responsável pela fama da cidade, a atividade consiste em descer as corredeiras do Rio Jacaré-Pepira remando botes infláveis em grupo. Um passeio que mistura doses de emoção e momentos de plena tranquilidade, que ganhou até variáveis: há programas noturnos na lua cheia e até para levar os cachorros. A preparação começa cedo, com as instruções nas agências no centro da cidade. Os guias ensinam comandos, dão dicas de como manejar os remos e as dicas de segurança. Depois, é só pegar o ônibus e, em 20 minutos, já se está no ponto para descer o rio São até seis pessoas num bote, mais o instrutor. O nosso foi Thiago Oliveira, ex-morador da Capital paulista que conheceu o rafting e não largou mais. Dá até para entender os motivos quando você descobre que o Jacaré-Pepira vai se juntar a um limpo Rio Tietê, que nem parece o mesmo da Marginal. Quem não sabe nadar pode optar pelo passeio light, sem cair na água - mas a regra entre os instrutores é fazer o bote virar em alguma das quedas, para todos experimentarem a temperatura gelada do rio. O percurso de 10 km dura mais de 1 hora e tem momentos de pausa para fotos e nado no rio. Uma delícia.

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