Andrey durante treino comandado por Arzul, que diagnosticou a causa da deficiência técnica do goleiro (Raphael Silvestre\Guarani FC)
Após Andrey rebater uma cobrança de falta para dentro da área e Douglas Skilo abrir o placar para o Caxias contra o Guarani, no Sul, a torcida bugrina elegeu o principal vilão da terceira derrota do time em três jogos na Série C do Campeonato Brasileiro. O desconhecido goleiro, que havia sido contratado do futebol do Espírito Santo e fazia sua estreia, cometeu ainda outras falhas no duelo vencido pelos donos da casa por 2 a 0. Na semana seguinte, não escapou das críticas, com boas doses de chacota e ironia nas redes sociais, alimentadas pela dramática situação do time, lanterna do campeonato.
Pouco mais de um mês após aquele jogo, Andrey vive uma realidade oposta no Brinco de Ouro. Autor de grandes defesas e há três partidas sem sofrer gol, o goleiro é apontado como destaque do time que deixou a zona de rebaixamento. Ontem, durante entrevista coletiva, o jogador falou sobre os momentos difíceis que vivenciou antes de chegar ao Guarani, quando pensou em desistir da carreira, o seu início complicado no clube e a importância da chegada da nova comissão técnica para a sua recuperação. “Quero aproveitar essa cara, que tem sido fundamental para mim”, disse, apontando para o experiente preparador de goleiros Arzul, também presente na entrevista.
DE VILÃO A HERÓI
“No começo aqui, vinha tentando entender o que estava acontecendo”, disse Andrey. “Tive que me manter firme. Minha esposa foi um grande apoio ao se deslocar do Rio de Janeiro para ficar comigo”, lembra o goleiro, que, na partida seguinte à do Caxias, diante do Botafogo-PB, no Brinco, seguiu falhando, mas já ensaiou uma reação ao defender um pênalti. O duelo marcou a estreia do técnico Marcelo Fernandes e o Guarani venceu por 2 a 1.
A fase difícil não foi a primeira vivenciada pelo goleiro de 31 anos. Revelado na base do Botafogo, Andrey conta que passou por um período de incerteza sobre seu futuro na profissão quando as portas se fecharam e ele teve de defender clubes de menor expressão, como Sampaio-RJ, Altos-PI, Juazeiro-BA, Galícia-BA, Manaus, Inter de Lages-SC e Itabuna-BA. “De 2020 até minha chegada na Desportiva-ES, em 2024, só apareceram clubes que têm um histórico ruim de pagamento. Pensei em desistir, mas essa vontade não chegou a 100%”, recorda.
O goleiro aponta seu empresário como um ponto de suporte na época. “Ele passou a trabalhar comigo quando ninguém acreditava mais em mim”, justifica Andre’y, que também não deixa de lembrar da mãe como um alicerce. “Ela sempre me motivava e, quando ela morreu, no ano passado, ganhei um novo gás”, recorda. “Hoje, fico feliz em estar em um grande clube.”
Virada de chave
Com a experiência de quem integrou a comissão técnica permanente do Santos por 28 anos, Arzul falou sobre o processo de recuperação de Andrey no Guarani após o início instável. “Primeiro buscamos recuperar o ser-humano e depois o atleta”, explica. Em suas observações, o preparador diagnosticou a causa das falhas do arqueiro. “A pressa e a velocidade são movimentos distintos, e a pressa estava atrapalhando, fazendo com que ele passasse da linha da bola sem conseguir aplicar a técnica”, comentou, com a concordância do pupilo.
Andrey elogiou o trabalho do preparador e disse que a nova comissão técnica “resgatou o espírito do grupo”. Ele fala em “virada de chave” dentro do campeonato. “A gente entende que o início não foi bom, mas serviu de aprendizado. O importante é que conseguimos virar essa chave. Sabemos que somos capazes de alcançar coisas maiores.”
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