Procura por trabalho é insuficiente para completar a oferta de vagas nas empresas
Polo industrial de Birigui produz mais de 59 milhões de pares de sapato por ano (Divulgação/Sinbi)
O polo calçadista de Birigui, a 517 km de São Paulo, não consegue preencher a oferta de empregos. Diversas empresas têm vagas abertas, mas a procura por trabalho nas empresas é insuficiente para completar o quadro de funcionários. Há oportunidades, inclusive, para quem não tem qualquer experiência.
Conhecido como a capital nacional do calçado infantil e responsável por boa parte da produção no país, o polo de Birigui produz mais de 59 milhões de pares todos os anos; são mais de 200 mil por dia. De toda esta produção, 3,1 % é exportada. À frente desse volume de produção estão mais de 21 mil funcionários nas mais de 160 empresas do ramo.
Na empresa de Samir Nakad há pelo menos 20 vagas em aberto desde outubro do ano passado. De acordo com ele, a qualificação mais difícil de encontrar é a de pespontadeira (que costura calçados). Nakad destaca que, para essa vaga, não consegue nem pessoas sem experiência. Para suprir a demanda, teve que abrir postos de trabalho, que funcionam como mini-empresas, em outros municípios vizinhos. Desta maneira, ele manda o material para esses locais e de lá, as pessoas que têm qualificação, produzem. Nakad destaca que a falta de mão de obra qualificada é um grande problema, pois atrapalha a produção e dificulta o atendimento da demanda. Na fábrica dele, os mais de 100 funcionários produzem, mensalmente, cerca de 30 mil pares de calçados.
Qualificação
De acordo com o presidente do Sinbi (Sindicato das Indústrias de Calçado e Vestuário de Birigui), Nelson Giardino, o setor realmente carece de mão de obra qualificada. “As indústrias calçadistas do polo de Birigui trabalham com produtos com valor agregado, ou seja, com qualidade diferenciada, o que exige a participação de profissionais qualificados em todas as etapas do processo. É necessário conscientizar as pessoas sobre a importância da qualificação”, completa.
Giardino explica que para suprir essa carência, o Sinbi, firmou parceria com o Senai (Serviço de aprendizagem Industrial) de Birigui. A instituição oferece cursos na área calçadista para qualificar as pessoas. São mais de 36 cursos oferecidos nas áreas de calçado e confecção, que vão desde modelagem até administração. Entre eles, o de iniciação ao primeiro emprego, que é gratuito.
Em média os cursos oferecidos pelo Senai duram cerca de três meses. “A procura pelos cursos de qualificação já foi maior hoje”, explica o diretor do Senai de Birigui Helio Hideo. O diretor acredita que essa queda está relacionada com outras oportunidades de trabalho e as boas condições salariais e benefícios.