O número de casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) chegou a 13 no País. Há ainda 768 casos suspeitos e outros 189 foram descartados pelas autoridades de saúde. O boletim foi divulgado pelo Ministério da Saúde. O resultado marca um aumento de cinco pacientes infectados pelo vírus desde o último balanço, divulgado na quinta-feira. Um dos novos casos foi registrado na Bahia. Uma mulher de 34 anos, residente da cidade de Lauro de Freitas, que teve o diagnóstico depois de viagem pela Itália, onde passou pelas cidades de Milão e Roma. Embora esteja assintomática, ela se encontra isolada em casa, sob observação das autoridades de saúde. Os outros quatro novos casos foram identificados em São Paulo, totalizando dez pacientes com o vírus no estado. Completam a lista um no Rio de Janeiro e um no Espírito Santo. No Distrito Federal, um teste acusou a infecção, mas a secretaria de Saúde ainda aguarda a contraprova. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, informou que o País não fará mais a definição de casos suspeitos pela origem do paciente, passando a considerar todas as pessoas vindas de voos da América do Norte, Europa, Ásia e Austrália. No caso da América do Sul e África, o cuidado pode ocorrer caso um país vire foco do vírus. “No momento que houver qualquer viagem internacional nos últimos 14 dias, fica mais fácil classificar o indivíduo. Isso produz mais eficiência para o sistema”, argumentou o diretor do departamento de imunização e doenças transmissíveis da pasta, Júlio Croda. O ministro adiantou que, apesar de não ser possível prever com exatidão, a perspectiva é que haja o começo de transmissão comunitária, quando não é possível identificar a cadeia de transmissão e o primeiro infectado. Essa condição torna a investigação e combate mais complexos. No mundo O número de infectados ontem era de 100.842, dos quais 3.456 morreram, em 92 países A alta se deve à crise no Irã, que contabilizou 1.234 novos casos nas últimas 24 horas. Na Itália, foram registrados 49 mortos nas últimas 24 horas, com um total de 197 mortos. O Vaticano informou o seu primeiro caso. Na China, os novos casos eram de 143, com 30 mortos. Montadoras podem paralisar a produção, prevê Anfavea O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, afirmou ontem que existe o risco de as montadoras paralisarem a produção no fim de março ou em abril por causa dos efeitos econômicos da epidemia do coronavírus, que, no caso do setor automotivo, afeta principalmente a importação de autopeças da China. Apesar do alerta, o executivo buscou mostrar tranquilidade. Ressaltou que os fornecedores internacionais do setor estão espalhados pelo mundo e não concentrados na China, que representa 13% das importações de autopeças. Afirmou também que ainda não há nenhum problema e que as empresas têm alternativas para driblar possíveis efeitos, como importar produtos por via aérea ou calibrar a velocidade das linhas de produção. "O risco existe, mas temos como fazer a melhor gestão disso", afirmou o presidente da Anfavea, que apresentou os resultados do setor em fevereiro. "Alguma montadora pode ter um risco maior do que outra, mas se alguma delas tiver que parar, a compensação pode ser feita no mês seguinte, dá para fazer o ajuste", disse o executivo. Mesmo que tenha evitado alarmismos, o presidente da Anfavea lembrou que outros países têm adotado medidas para tentar neutralizar ou minimizar os prejuízos econômicos causados pela epidemia, principalmente com reduções de juros, e ressaltou que nada ainda foi feito no Brasil, apesar da sinalização do Banco Central de que pode haver um novo corte da Selic na próxima reunião da diretoria da instituição, ainda neste mês. "Ainda é cedo para falar em impactos do coronavírus na economia do Brasil, mas não é melhor fazer algo para a bicicleta continuar andando em vez de esperar ela parar? É a reflexão que nós deixamos, se não é o caso de o Brasil tentar alguma coisa", afirmou o presidente da Anfavea, que reconheceu que o País tem problemas fiscais que limitam alguma ação. Em seguida, Moraes começou a falar sobre cenário econômico e lamentou que a redução histórica da taxa Selic não tenha chegado, na mesma proporção, aos juros praticados no mercado de veículos, mesmo com a baixa inadimplência. "Não adianta o BC reduzir a Selic para 3,5% ou 3,75% se os bancos não reduzem os juros também, alguma coisa não está funcionando", disse. O executivo fez uma sugestão para estimular os financiamentos de veículos: reduzir a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que, pelas contas dele, afeta mais o mercado de veículos do que o de outros. "É um imposto regulatório e não arrecadatório", argumentou o executivo, em relação às dificuldades fiscais do governo. "Talvez seja necessária uma medida emergencial para reativar a economia", afirmou. Garantir atendimento é a maior preocupação do MS O Ministério da Saúde (MS) considera que o atendimento aos casos de coronavírus é agora a maior preocupação. Isso porque a infecção tem caráter prolongado, o que ocupa profissionais e leitos hospitalares. Por isso, a orientação é que procurem as unidades de saúde pessoas com sintomas da contração do vírus. O Ministério anunciou que pretende agilizar a habilitação dos leitos. O procedimento consiste em reconhecer aqueles em funcionamento e iniciar o pagamento pelos serviços envolvendo esses recursos. A equipe vai dialogar com secretarias estaduais para facilitar os retornos e medicação de pacientes com doenças crônicas para liberar profissionais e estrutura de atendimento. Na segunda-feira, deverá ser editada uma norma regulamentando o isolamento domiciliar. “Mantemos recomendação para que pessoas com quadro gripal que é melhor perder dia de trabalho, mas que pessoas tomem medidas de autocuidado em relação a sua saúde respiratória. Nós temos orientado para que aquelas unidades de trabalho que possam fazer uso de trabalho em casa, usem”, acrescentou o ministro. Será montado um comitê com o Tribunal de Contas da União para avaliar os procedimentos de aquisição de insumos de forma flexibilizada devido à demanda. Já a campanha de imunização contra a gripe está mantida para início no dia 23 de março em todo o País, começando com públicos-alvo, como gestantes, crianças e idosos. (AB)