PARALISAÇÃO

Greve ameaça parar Argentina no fim do governo Kirchner

Greve foi convocada para pedir a redução ou a eliminação de um imposto aplicado sobre os salários e servirá para medir forças antes do início das negociações

France Press
30/03/2015 às 17:03.
Atualizado em 23/04/2022 às 18:36
Cristina Kirchner (AFP)

Cristina Kirchner (AFP)

O governo argentino enfrentará na próxima terça-feira uma greve nos transportes que ameaça parar o país na etapa final do governo de Cristina Kirchner, com eleições gerais previstas para o dia 25 de outubro.A greve foi convocada para pedir a redução ou a eliminação de um imposto aplicado sobre os salários e servirá para medir forças antes do início das negociações salariais paritárias com empresas.A medida de força, quarta desse tipo desde 2012, é também uma demonstração de poder ao próximo governo que assumirá em dezembro.Os sindicatos são contra o imposto progressivo sobre os salários, que tem alcançado um número cada vez maior de trabalhadores. O ministro da Economia, Axel Kicillof, antecipou no final de semana que o imposto não será modificado porque "afeta uma minoria que ganha mais", cerca de 850.000 trabalhadores dentro de um total de 11 milhões de assalariados, segundo estimativas oficiais.O imposto se aplica sobre os salários a partir de 15.000 pesos (aproximadamente 1.700 dólares) nas escalas progressivas que chegam a 35%.Uma greve políticaO chefe de Gabinete, Aníbal Fernández, criticou nesta segunda-feira os grevistas em uma coletiva de imprensa. "Que país lindo seria se não houvesse nenhum imposto! Mas isso é impensado. Este imposto é cobrado no mundo todo", disse.No fim do ano passado, o governo conseguiu que os sindicatos suspendessem uma greve parecida, ao anunciar que o rendimento médio de dezembro seria isento de imposto de renda.Partidos de esquerda anunciaram nesta segunda-feira que tentarão formar piquetes em acessos à capital federal, mas sem contar com o apoio dos sindicatos convocadores, que não farão comícios e passeatas.O governo se reuniu nesta segunda-feira com empresários do transporte para obter a garantia de um serviço mínimo, sob a ameaça de sanções.  "Aqueles que cometerem excessos serão presos", alertou o chefe de Gabinete.   Outra greve em breve?Os sindicatos responderam com dureza contra o que entenderam como uma provocação e anunciaram que, se suas demandas não forem atendidas, será feita uma nova greve, desta vez por 36 horas."Precisamos de um espaço para o diálogo. E se continuarem com as provocações e sem dar respostas às reclamações, as medidas de força vão aumentar", afirmou o líder do sindicato de caminhoneiros e membro de uma central trabalhista opositora, Hugo Moyano, um ex-aliado de Kirchner.Pablo Micheli, da CTA, outra central sindical da oposição, disse que "se não houver resposta, haverá uma greve de 36 horas com mobilização até a Praça de Maio". Em reação, a Corrente Político Sindical Federal, que agrupa dezenas de sindicatos da central de trabalhadores CGT, que apoia o governo, informou nesta segunda-feira que não vai aderir à greve, embora tenha admitido "a legitimidade da reclamação dos trabalhadores".A Corrente pediu que os grevistas enfrentem seus "verdadeiros inimigos, as corporações econômicas que lutam por uma volta a um passado que só gerou desemprego e pobreza".A greve ameaça com a paralisação do transporte público de ônibus, trens, metrôs, aviação comercial, transporte fluvial e de cargas. Também aderiram os setores médico, bancário e de alimentos, entre outros.

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