Segundo balanço da PM, um banco e oito lojas tiveram as fachadas depredadas
Tatiana Quadra
Uma passeata contra a corrupção em Sumaré terminou com cenário de guerra em frente à Câmara Municipal da cidade na noite de ontem. Um grupo de jovens atirou pedras contra guardas municipais — três ficaram feridos. Após os GMs recuarem para dentro do prédio, vândalos quebraram todos os vidros da fachada, além de lâmpadas. A Tropa de Choque da Polícia Militar (PM) foi chamada e dispersou os manifestantes com bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo.
Segundo balanço da PM, um banco e oito lojas tiveram as fachadas depredadas e o almoxarifado de produtos de limpeza da Prefeitura foi saqueado. Quatro suspeitos de vandalismo foram detidos e encaminhados para o 1 Distrito Policial para averiguação. Os guardas municipais feridos, entre eles uma mulher, foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Makarenko e passam bem. Um deles era o comandante da GM, Jean Douglas Ricardo, que levou uma pedrada no nariz e precisou tomar dois pontos. Nenhum manifestante ficou ferido. Cerca de 2 mil pessoas participaram da passeata, segundo a GM.
A concentração teve início às 17h na Avenida José Mancini, em frente à Escola Estadual Dom Jayme de Barros Câmara e a passeata saiu às 17h45. Os manifestantes fizeram um cordão humano e passaram pela Praça da República e pela Rua Dom Barreto, na frente da Prefeitura. Depois deram a volta e pararam em frente à Câmara, com faixas e cartazes.
Um grupo de 10 pessoas foi recebido pelos vereadores e entregou uma pauta com 14 reivindicações, entre elas a garantia de que a passagem do ônibus urbano não suba de R$ 2,50 para R$ 4,26, conforme pleiteado pela concessionária do serviço. “Queremos maior transparência da Prefeitura dos gastos e investimentos com os recursos públicos”, disse o estudante Luís Duarde, de 19 anos.
A confusão começou por volta das 19h, quando um grupo começou a atacar a Câmara com uma chuva de pedras que durou cerca de 15 minutos, até a chegada da Tropa de Choque. “Estávamos em 70 guardas, mas ficamos acuados. Era muita pedra e pau e não temos equipamentos específicos para controlar esse tipo de distúrbio”, afirmou o inspetor Jair Ramos. “Pedimos apoio da PM antes, mas eles não apareciam. Só quando a tropa chegou conseguimos sair do prédio, mas não revidamos.”
Pedrada
O comerciante Flávio Piromal, de 38 anos, disse que levou uma pedrada no pé de um GM, apesar de não ter se ferido. “Eles saíram da Câmara jogando pedras. Foi a arma deles”, afirmou. O plenário ficou cheio de estilhaços de vidro e havia sangue no chão. O presidente do Legislativo, Antônio Dirceu Dalben, agradeceu o escudo humano da GM. “Vamos reivindicar equipamentos para a Guarda trabalhar com mais segurança e encaminhar os pedidos dos manifestantes sérios à Prefeitura”, afirmou. “Os estragos serão apurados e resolvidos administrativamente.”
O presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Sumaré (Acias), Cláudio Padovani, teve três vidros de sua imobiliária quebrados e calcula um prejuízo de R$ 3 mil. “Mas se for para o Brasil mudar vai sair barato”, comentou. “Espero que dê resultados e o povo mude também na hora de votar.”