JOGO RÁPIDO

Quem quer melhorar nosso futebol?

Coluna publicada na edição de 11/5/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
11/05/2019 às 02:00.
Atualizado em 03/04/2022 às 22:27

O assunto de ontem foi a diferença da qualidade do futebol europeu em relação ao que se pratica no Brasil e na América do Sul. Por inúmeros motivos, não há o menor sentido em fazer comparações e exigir que se proporcione aqui o mesmo espetáculo que vemos lá. Mas isso não significa que o futebol brasileiro não precisa melhorar. Nosso futebol pode ser mais bonito? Não tenho dúvidas. Mas treinadores, dirigentes, torcedores e jornalistas estariam dispostos a pagar o preço por uma evolução? Começo pela imprensa. Cansei de ler e ouvir elogios ao Tottenham e ao Liverpool pelo tempo que deram a seus treinadores. O argentino Maurício Pochettino foi contratado pelo Tottenham em maio de 2014. Já o alemão Jurgen Klopp chegou ao Anfield em outubro de 2015. Nenhum deles foi campeão desde então, mas agora vão se enfrentar na grande final da Liga dos Campeões. O problema é que muitos dos jornalistas que enaltecem a gestão dos ingleses já pedem a queda de Abel Braga, contratado em dezembro de 2018 pelo Flamengo. Nesse período, foi campeão carioca e levou o time ao mata-mata da Libertadores com a melhor campanha de sua chave. O Flamengo está nas oitavas de final da Copa do Brasil e disputou apenas três partidas do Brasileirão. Ainda assim, há quem defenda sua troca. E os torcedores brasileiros, como se comportariam se um técnico de time grande ficasse três ou quatro temporadas sem conquistar um título importante? Barcelona e Ajax foram aplaudidos por seus torcedores após as dolorosas eliminações na semifinal da Champions. Aqui teríamos invasão de CT, agressão no aeroporto e público ridículo no jogo seguinte. É fácil aplaudir trabalhos de longo prazo realizados do outro lado do Atlântico. Aqui... E os treinadores, o que podem fazer para deixar o futebol brasileiro mais bonito? Felipão e Fábio Carille são criticados porque seus times jogam por uma bola. Se defendem com afinco e quando abrem o placar duplicam os cuidados defensivos. O jogo Palmeiras 1 x 0 San Lorenzo, por exemplo, foi muito chato, sonolento. E outros tantos são parecidos. Os dois fazem mal ao futebol brasileiro? Pensam em mudar de estilo? Creio que não. Carille foi campeão brasileiro em 2017. Felipão ganhou em 2018 e está há 26 jogos sem perder na Série A. É recorde do clube. Com o futebol chato de quarta-feira, o Palmeiras encerrou a primeira fase da Libertadores com a melhor campanha entre 32 times. Também teve o melhor ataque e a melhor defesa. Será que a torcida do Palmeiras quer que ele mude?

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